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'Tarifaço' de Trump contribui para a importação de produtos chineses para o Brasil
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Especialistas dizem que uma consequência imediata seria a redução de preços para os consumidores. Porém, sem regulamentação adequada, a indústria nacional poderia ser prejudicada.
- Por Camilla Ribeiro
- 22/02/2025 17h25 - Atualizado há 2 semanas
As ameaças de Donald Trump de estabelecer tarifas a produtos importados estão causando preocupação a indústria brasileira.
Não somente pela taxação, como também porque essas medidas mudam a dinâmica do comércio global.
Um caso similar é a eminente guerra comercial entre EUA e China, que ganhou força desde que Trump demonstrou que pretende estabelecer um tarifaço sob a pretexto de proteger a indústria americana.
Donald Trump, em janeiro, anunciou uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses.
Em contrapartida, a China também anunciou taxas mais altas para produtos americanos.
Já nesta semana, Trump relatou que um novo acordo comercial com a China "é possível".
De acordo com especialistas e representantes da indústria, a crescente rivalidade entre as duas potências pode abrir espaço para que o continente asiático intensifique a sua relação comercial com outros países, por exemplo, o Brasil
Esse movimentos não seria novidade.
Conforme Marcos Jank, professor sênior e coordenador do centro Agro Global do Insper, a China já estava se preparando para uma segunda guerra comercial com os EUA e agora impõe uma visão mais estratégica, cautelosa e seletiva em relação ao comércio mundial.
"Nos últimos anos, a China diversificou bastante suas exportações, já sendo bem menos dependente dos EUA do que era em
2017. E ela tem buscado também uma maior aproximação dos emergentes", diz.
Se o movimento se firmar, a presença de produtos chineses no mundo deve elevar.
No ano de 2024, por exemplo, a China respondeu por 24,2% das importações brasileiras.
Caso aumente demais esse número, a economia e a indústria nacional precisarão reagir.
Consequências para a indústria
A curto prazo, a indicação de especialistas é que a maior presença da China no Brasil pode causar uma diminuição nos custos para os consumidores.
Isso devido à entrada de produtos chineses mais baratos, os quais obrigam a indústria brasileira a baixar os preços para manter a competitividade no mercado.
"O que acontece na prática é que a China já vem praticando preços muito abaixo dos preços de mercado em diversos segmentos. Vemos um 'dumping' de produtos chineses no Brasil, mas isso tem prejudicado a produção local", diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe.
Assim, embora os produtos sejam mais baratos para os consumidores em um primeiro momento, representantes da indústria alertam que os efeitos na economia e nas cadeias produtivas podem ser mais negativos no país, em médio e longo prazo.
Essas consequências viriam principalmente entre os setores de maior investimento por parte da China, como:
-indústria de máquinas e equipamentos;
-indústria têxtil e de confecção; e
-indústria automobilística.