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  • Projeção 2025: mais inflação e menos desenvolvimento


  • Em 2024, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar o ano em 4,9%.

Em 2025, a expectativa do Boletim Focus indica para 4,8%, valores que permanecem bem acima da meta contínua de 3%, determinada para o segundo trimestre de 2026.

A previsão atual mostra que a taxa Selic eleve rapidamente e fique elevada em torno de 15% em 2025, limitando o crescimento econômico, estimado em cerca de 2% para 2025 e 2026.

Embora seja impossível prever de certeza quanto será a inflação e o crescimento nos próximos anos, porém o que pode ser dito é que a taxa de câmbio acima de R$6 terá consequências importantes para o deslocamento de preços em reais nos seguintes meses.

Um ponto central no debate econômico atual é a comparação entre a situação presente com a crise brasileira de 2015. 

Entre 2014 e 2015, o Brasil relatou um resultado de balança comercial perto de zero. 

Atualmente, a balança comercial brasileira gira em volta de US$ 80 bilhões nos últimos 12 meses, significando um resultado muito mais robusto. 

Um aspecto importante é o aumento da participação do petróleo, que se tornou o principal produto de exportação do Brasil, ultrapassando soja e minério de ferro.

Apesar disso, o déficit externo em serviços é expressivo, resultando em um déficit em conta corrente próximo a 3% do PIB em 2024. 

O investimento direto estrangeiro permanece firme, alcançando R$70 bilhões em 12 meses, no entanto existe uma saída de capitais muito forte pela conta financeira. 

Além disso, há uma expansão relevante do crédito no país, estimada em 10% em 2024, o que constrasta com a forte contração observada durante a crise de 2015.

A principal diferença entre o cenário atual e a crise de 2015 está no crescimento econômico. 

Hoje em dia, o Brasil cresce a uma taxa de 3,5%, enquanto em 2014 o crescimento era próximo de zero. 

Esse dinamismo presente é refletido no crescimento das importações (17% ao ano) e dos investimentos (10% ao ano). 

Durante a crise de 2015, tanto o crescimento quanto os investimentos estavam parados. 

A taxa de desemprego é semelhante em ambos os períodos, permanecendo-se em torno de 6%.

Já em 2014, a inflação estava em 6,5%, com aceleração para 10% em 2015, juntamente de uma forte desvalorização cambial. 

Entre 2014 e 2015, o câmbio passou por uma desvalorização drástica, indo de R$ 2,40 para R$ 4,00. 

Atualmente, embora a desvalorização cambial seja expressiva, é menos acentuada, o que ajuda para um IPCA menos pressionado. 

Em 2015, a drástica desvalorização do real auxiliou a levar o IPCA para 10% no ano.

A relação do Executivo com o Congresso é melhor do que em 2014, destacado por um ambiente político conflituoso e pautas-bomba que dificultaram a governabilidade. 

Embora não se preveja uma crise de altas proporções no horizonte, 2025 será, sem dúvida, um ano desafiador, com inflação elevada, Selic alta e desaceleração do crédito. 

Embora, seja impossível prever com precisão as previsões econômicas pois estão sujeitas a muitos erros, exemplo demonstrado pela diferença entre as expectativas iniciais e os resultados finais de 2024.