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Gleisi e Padilha são empossados em cenário de dúvidas sobre espaço e permanência do Centrão na base aliada
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Os aliados estão temendo aposta presidencial mais à esquerda, que pode incluir inclusive na entrada do deputado Guilherme Boulos na equipe ministerial, o que assusta ministros da Frente Ampla.
- Por Camilla Ribeiro
- 10/03/2025 13h34 - Atualizado há 1 dia
Nesta segunda-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dá posse à nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, e também ao novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A posse dos dois acontece em um cenário de dúvidas entre aliados sobre o espaço e a permanência do Centrão na base governista e se o petista vai apostar nos dois últimos anos num governo mais à esquerda.
Hoffmann passou os últimos dias conversando com líderes da base aliada, prometendo diálogo aberto e negociação em vez de confrontos e embates.
Existe dúvidas entre aliados, no entanto, se o presidente Lula desistiu de realizar mais acenos aos partidos do Centrão e vai optar por um governo mais à esquerda, que pode incluir inclusive na entrada do deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) na equipe ministerial, o que assusta ministros da Frente Ampla.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, quer concluir nesta semana um processo de desembarque de partidos do Centrão do governo Lula.
Nogueira quer reunir a executiva do seu partido para aprovar a saída do governo do ministro dos Esportes, André Fufuca.
O senador quer acertar também a federação com o União Brasil também nesta semana. O União Brasil está dividido.
Uma ala está sendo comandada pelo senador Davi Alcolumbre, não quer desembarcar. A outra, formada por Ronaldo Caiado, ACM Neto e Elmar Nascimento, quer entregar os cargos.
Lula e sua equipe gostaria de manter alas do PP apoiando o governo federal, porém tem uma avaliação de que, se o partido de Ciro Nogueira entregar os cargos federais, não será o fim do mundo.
O governo não precisa aprovar neste ano a proposta de emenda constitucional, que exige o apoio de 308 deputados e 49 senadores.
A estratégia do governo é manter o apoio de partidos da Frente Ampla, como PSD e MDB, além do Republicanos.
O partido de Gilberto Kassab, o PSD não quer desembarcar do governo, no entanto, não estará nesta segunda na posse da ministra Gleisi Hoffman.
O líderes do partido e sua direção vão para Pernambuco, onde celebrarão a filiação da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, à legenda.
A governadora sai do PSDB e vai para o PSD, partido do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que volta ao Brasil depois de um período de férias.
Após seu retorno, ele irá definir junto com Lula seu futuro político. Se entra para o ministério ou não.
Caso entre para o ministério, sua preferência é pela pasta hoje ocupada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o que poderia lhe dar chances de se reaproximar do empresariado mineiro e do eleitorado conservador de Minas.
O presidente Lula deseja Pacheco no ministério, para que ele se candidate ao governo de Minas e seja seu palanque no segundo colégio eleitoral do país.
No entanto, a transferência de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde tem dois objetivos. Ter um ministro mais combativo e politicamente ativo no ministério mais poderoso em termos de orçamento dentro do governo.
E de uma vez por todas fazer decolar de vez o programa Mais Especialistas, grande aposta da gestão de Lula na área.
Esse programa deverá ser uma das grandes marcas do seu governo nestes dois últimos anos, para ser apresentado como uma grande conquista para população de baixa renda durante a campanha eleitoral.