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  • Nesta terça-feira (5), EUA vão às urnas em eleição que terá resultado inédito


  • A candidata Kamala Harris pode se tornar a primeira presidente mulher, e Donald Trump, o primeiro líder já condenado dos EUA. Eleitores vão as urnas ao longo desta terça (5).

Tiro na orelha, uma desistência, uma condenação, outra tentativa de assassinato, um empate histórico, vestigios de uma campanha eleitoral turbulenta nos EUA.

Nesta terça-feira (5), os norte-americanos irão às urnas diante de uma das campanhas mais turbulenta da história recente dos Estados Unidos.

O resultado da eleição também deverá ser inédito: dele, poderá sair a primeira presidente mulher dos EUA ou o primeiro presidente condenado pela Justiça do país.

No embate está Kamala Harris, ex-procuradora-geral e a atual vice-presidente do país que reinjetou ânimo entre o eleitorado democrata ao assumir o lugar de Joe Biden na disputa pelo comando da Casa Branca, provocando um clima de euforia comparado ao causado por Barack Obama em 2008.

Na outra ponta está Donald Trump, ex-magnata do mercado imobiliário de luxo e ex-presidente dos EUA na tentativa de voltar ao posto após conseguir mobilizar e reorganizar seu eleitorado mesmo depois de virar réu em quatro processos e ser condenado em um deles.

As pesquisas para intenção de votos registraram ao longo da campanha um cenário mais apertado na história do país fazendo com que a eleição seja definida por uma margem muito estreita de votos.

Dessa forma, os focos desta terça e também dos próximos dias estarão nos chamados estados-chaves, nos quais não existe uma tradição de preferência por um ou outro partido e onde o resultado varia de acordo com a eleição.

O sistema de contagem de votos, bastante complexo na eleição norte-americana,é favorável a quem levar a melhor nesses estados.

Delegados representam os estados que refletem a vontade das urnas e definirão o resultado final.

Dessa maneira, os dois candidatos passaram mais da metade do tempo de campanha em um dos sete estados-chave (Geórgia, Carolina do Norte, Wisconsin, Nevada, Arizona, Michigan e Pensilvânia).

Nesses estados, os candidatos saíram em busca de nichos específicos, que também devem definir as eleições: os homens negros, o voto latino, que também se movem aos poucos para o lado republicano, as mulheres brancas, que, de acordo com pesquisas votarão mais em Kamala e, principalmente, os jovens.

Para este último eleitorado, as campanhas não mediram esforços.

Analistas dos dois partidos passaram um ano e meio analisando as opiniões dos jovens e fazendo uma lista de programas de televisão e podcasts que esses eleitores consomem nos estados-chave para oferecer seus candidatos durante entrevistas.

Ocorreu uma chuva de promessas de novas linhas de crédito, ajudas econômicas e melhorias na vida econômica desse público, que vivem pior ao ser comparado com a geração de seus pais, mas ainda tem esperança com o lema do sonho americano.

Conquistas básicas, como pagar o aluguel e colocar comida em casa, viraram o norte desse eleitorado.

"Hoje, a gente nem sonha em comprar uma casa, que era o objetivo dos nossos pais. Pagar um aluguel é nosso grande desafio", disse a vendedora Carolina Jiménez, de 28 anos, filha de imigrantes mexicanos que vive no Arizona e afirma que votará em Kamala Harris.

"Ela é mais estável, mais preparada e capacitada. Trump será uma regressão", afirma.

Daniel Blanco, engenheiro venezuelano, de 35 anos, que vive em Miami, na Flórida, há mais de dez anos, resolveu votar em Donald Trump por decepção com a gestão do democrata Joe Biden.

"Sei que Trump é nacionalista, profundamente anti-imigrante e egocêntrico. Mas acho que a proposta democrata não entende as necessidades do cotidiano do cidadão", disse o venezuelano, que já votou de forma antecipada.

O desempenho negativo da economia foi a segunda grande preocupação dos eleitores nesta corrida à Casa Branca: o aumento da imigração, principalmente a ilegal, que bateu um recorde histórico nos EUA em dezembro do ano passado.

De um lado o candidato republicano manteve seu discurso efusivo anti-imigração, de outro, os números altos de entrada de imigrantes durante a gestão de Joe Biden acabaram favorecendo Trump.