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  • O presidente Lula sugeriu referendo para áreas reivindicadas pela Rússia: “Deixar o povo decidir”


  • A Rússia já realizou consultas em 2022, mas comunidade internacional alegou fraude

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu a sugestão da realização de um referendo para áreas reivindicadas pela Rússia na Ucrânia como uma possibilidade de acabar a guerra.

“Eu fico pensando: a Rússia diz que o território que eles estão ocupando é isso, a Ucrânia diz que é deles. Por que ao invés de guerra não faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar? Seria muito mais simples, muito mais democrático e muito mais justo. Vamos deixar o povo decidir”, disse o presidente Lula durante entrevista à emissora francesa TF1.

No mês de setembro de 2022, no primeiro ano de conflito, a Rússia fez referendos em quatro regiões, que compõem cerca de 15% do território da Ucrânia.

De acordo com a agência estatal russa RIA, resultados iniciais apontaram mais de 90% de apoio à anexação desses territórios à Rússia.

As consultas receberam duras críticas da comunidade internacional. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental, à época, afirmou que elas não tinham legitimidade.

Estados Unidos e Ucrânia pontuaram que os referendos são uma farsa ilegal e que não reconheceriam os resultados.

Conversa entre Putin e Zelensky

Lula afirmou em entrevista que o diálogo entre os presidentes ucraniano, Volodymyr Zelensky, e russo, Vladimir Putin, é “plenamente possível”. O presidente também abordou a proposta de paz apresentada por China e Brasil.

“O que acontece é que nem o Zelensky e nem o Putin ainda querem sentar [para conversar]. Nós, por exemplo, fizemos uma proposta junto com a China levantando seis pontos que eram possíveis de negociar. Alguém tem que tomar iniciativa”, destacou.

Lula ponderou que “a ONU é quem deveria tomar iniciativa”, porém a organização está enfraquecida e que o Conselho de Segurança não é respeitado.

“Isso significa que está faltando interlocução, pessoas com credibilidade para serem ouvidas. E aí é que eu acho que o Brasil tem se colocado”, argumentou.

“O Brasil está dizendo em alto e bom som que nós não queremos participar de conflito, que na hora que houver vontade das pessoas conversarem nós estaremos dispostos a sentar na mesa com todas as pessoas para ver se a gente encontra uma solução pacífica”, continuou.

Lula disse que o diálogo precisa ser o meio para encontrar soluções em todas as guerras, incluindo os conflitos envolvendo Israel no Oriente Médio.

Cúpula do G20

O presidente Lula foi questionado se ele receberia o líder russo na Cúpula do G20 que será realizada no Rio de Janeiro.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o presidente Putin por supostos crimes de guerra durante a operação russa na Ucrânia.

Por ser signatário do Tratado de Roma, o Brasil seria obrigado a respeitar a decisão do TPI e prender o presidente da Rússia quando ele chegasse ao solo brasileiro.

Lula destacou que Putin não virá ao Brasil e que Zelensky não foi convidado, pontuando que o fórum será um momento para discutir outros assuntos.

“Nós não achamos que esse fórum do G20 será um espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas que já foram abordados no último G20. Nós queremos evoluir”, afirmou.

“A guerra você tem um espaço dentro das Nações Unidas em que a gente precisa criar estrutura de poder dentro da ONU com mais representatividade para discutir a guerra na Ucrânia”, ponderou.