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Segundo estudo, mulheres apresentam maior risco de desenvolver doenças autoimunes
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Uma pesquisa realizada por cientistas revelou que uma molécula produzida por um dos cromossomos X da mulher pode desencadear doenças como lúpus e esclerose múltipla
- Por Camilla Ribeiro
- 07/02/2024 21h28 - Atualizado há 10 meses
Doenças chamadas autoimunes, como esclerose múltipla, lúpus e artrite reumatoide, atinge aproximadamente 8% da população mundial, acometendo em sua maior parte mulheres.
A causa que propicia o surgimento dessas doenças ainda não está totalmente esclarecida, porém já se sabe que existe uma predisposição genética associada a outros fatores externos que podem representar um risco.
Doenças autoimunes são aquelas que se originam no próprio sistema imunológico do paciente que, equivocadamente, ataca e danifica células e tecidos do corpo.
O sistema imunológico produz anticorpos para lutar contra componentes saudáveis do próprio organismo, confundindo-os com agentes invasores.
As mulheres são as mais afetadas por essas condições, e essa causa segue sendo um mistério.
No entanto, um novo estudo, publicado na revista Cell aponta um possível caminho para essa dúvida.
Cientistas da Stanford Medicine, localizada na California, nos Estados Unidos, acreditam que uma molécula produzida pelo cromossomo X pode gerar anticorpos contra as próprias células das mulheres.
Para compreender melhor essa teoria, é preciso relembrar como o sexo biológico é definido geneticamente: o sexo feminino é determinado pela presença de dois cromossomos X, e o masculino contém um cromossomo X e outro Y.
O cromossomo Y possui poucos genes ativos em seu interior, enquanto o X contém centenas de genes ativos que produzindo proteínas específicas.
Organismos com dois cromossomos X, como no caso das mulheres, representa um risco de produzir proteínas em excesso e muitas delas podem ser tóxicas para o organismo.
Diante disso, naturalmente, cada célula feminina “interrompe” a atividade de um dos cromossomos X, para que a mesma quantidade de proteína presente em uma célula masculina seja produzida em uma célula feminina.
Esse processo de inativação do cromossomo X ocorre por ação de uma molécula chamada Xist, que se enrola em torno desse cromossomo e o “desliga”.
Porém, esse “agrupamento” do Xist ao X pode fazer com que várias proteínas se liguem a ele, confundindo o sistema imunológico, que começa a atacar essas proteínas por achar que elas são tóxicas.
Dessa maneira, os anticorpos acabam atacando outras partes do corpo também, levando a uma doença autoimune
Isso ocorre porque cada célula do corpo pode ter fragmentos dessas proteínas vistas como “tóxicas” em sua superfície.
Como foi realizado o estudo?
O estudo foi realizado a partir de analise de uma linhagem de camundongos, com fêmeas com alto risco de desenvolver lúpus e machos que não estavam suscetíveis à doença.
Os pesquisadores modificaram geneticamente os ratos machos para que eles, assim como as fêmeas, produzissem a molécula Xist.
De acordo com os autores do estudo, os ratos machos que foram modificados geneticamente apresentaram os mesmos riscos, ou até riscos mais elevados, de desenvolverem doenças autoimunes.
Diante dessa ocorrência foi possível concluir que a ação da molécula Xist no cromossomo X pode estar associada ao surgimento dessas doenças.