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  • HPV: testagem molecular pode revolucionar o diagnóstico da doença no Brasil


  • Neste mês o método foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ficar disponível em até 180 dias. A I nfecção pelo HPV é a principal causadora do câncer de colo do útero.

De acordo com o Ministério da Saúde, câncer de colo do útero é o terceiro tipo mais diagnosticado e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

O câncer de colo do útero é uma doença que pode ser prevenida através da vacinação contra o HPV, o diagnóstico precoce garante uma alta chance de cura.

Em 8 de março, a partir de uma portaria publicada pela União, os testes moleculares foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para a detecção do vírus HPV e o rastreamento do câncer de colo do útero.

Segundo o Ministério da Saúde, as áreas técnicas têm até 180 dias para que os testes sejam ofertados no SUS, porém alguns estados já estão disponibilizando o método.

Júlio César Possati Resende, ginecologista e coordenador médico do Programa de Prevenção ao Câncer Ginecológico do Hospital de Amor de Barretos (SP),, diz que o uso do teste molecular no âmbito do SUS é uma mudança muito importante do ponto de vista de rastreamento e de prevenção.

“É necessário estabelecer um rastreio organizado e saber exatamente quem são as mulheres que precisam ser rastreadas, onde elas estão, realizar exame de alta performance com qualidade e trazer aqueles casos suspeitos para a investigação”, explica.

Como funcionam os testes moleculares?

Esses testes se baseiam na reação em cadeia da polimerase (PCR). Dessa maneira, o exame busca o DNA do vírus HPV na amostra coletada da paciente. 

Em ambos os testes, é necessário um exame ginecológico. No entanto, ao contrário do exame do papanicolau, o teste molecular não precisa de uma lesão para detectar o vírus do HPV.

Nesse novo método implementado no SUS, é preciso colher uma amostra do líquido do colo do útero e enviar para um laboratório. 

Além de detectar o papilomavírus humano, o teste molecular consegue identificar qual dos 14 tipos de alto risco é o vírus.

A recomendação é que os testes moleculares sejam realizados a cada cinco anos. Por isso, o Ministério da Saúde diz que essa mudança traz melhor adesão, além de facilitar o acesso ao exame.

“Então, pelos próximos cinco anos, ela [paciente] não precisa fazer papanicolau, não precisa fazer um novo teste de HPV. Se ela está positiva para o HPV, aí é indicado exames complementares”, explica o médico.

Diagnóstico mais preciso

O método mais usado para o diagnóstico da doença é o exame papanicolau, recomendado para mulheres acima de 25 anos. Ele deve ser realizado a cada três anos ou, em caso de detecção de alguma lesão, anualmente.

Dependendo da análise do profissional, a sensibilidade do papanicolau é entre 50% e 60%, de acordo com o ginecologista Resende.

No caso do teste molecular, por ser automatizado e que não depende da interpretação de um profissional, tem sensibilidade superior a 90%.

"O que a gente vê na prática é que não é raro uma mulher ter lesão no colo do útero e o papanicolau vir normal. Ele não consegue identificar por vários fatores, mas, sobretudo, porque é um exame muito dependente da avaliação de um profissional", conta.

A implantação dos testes no SUS integra as estratégias para eliminação do câncer do câncer de colo de útero como problema de saúde pública até 2030, de acordo com o Ministério da Saúde.