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Eleição na Rússia: Putin venceu e se manterá no poder até 2030
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Após 24 anos no poder, Putin confirmou favoritismo e terá um quinto mandato como presidente após mudar a Constituição para poder governar até 2036.
- Por Camilla Ribeiro
- 17/03/2024 17h39 - Atualizado há 9 meses
Vladimir Putin vence a eleição na Rússia e ficará no poder até 2030. Resultados oficiais preliminares confirmam a vitória de Putin com cerca de 88% dos votos.
Esse cenário já estava previsto de acordo com os resultados de pesquisas de boca de urna divulgados até por volta das 15h35 deste domingo (17), quando a votação já havia encerrado.
Após três dias de votação que começou na sexta-feira (15), favoritismo de Putin foi confirmado. Mais de 8 milhões de pessoas votaram online, segundo o órgão. Eleição terminou neste domingo por volta das 15h (horário de Brasília).
Putin, atual presidente, não tinha outros concorrentes com real chance de vitória. Os outros três candidatos, todos deputados, são vistos como fantoches, eles votaram a favor da guerra na Ucrânia no Parlamento e já fizeram declarações públicas de apoio a Putin.
A Rússia é considerada o maior país do mundo em área territorial e com uma população de 141 milhões de habitantes, o país adotou a votação em três dias para dar conta de regiões com 11 fusos horários diferentes.
São cerca de 114 milhões de eleitores, incluindo ucranianos convocados a votar nos territórios ocupados por tropas russas.
A eleição aconteceu no contexto de grande repressão que sufocou os meios de comunicação independentes e grupos de direitos humanos proeminentes.
O maior inimigo de Putin nessa eleição, Alexei Navalny, líder da oposição ao presidente russo, morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro, e outros críticos estão na prisão ou no exílio.
Navalny recebeu homenagens durante esse terceiro dia de votação. Na capital russa, pessoas visitaram o túmulo do líder opositor morto e, sobre ele, colocaram um modelo da ficha de voto em que se lê o nome dele.
Alguns casos de vandalismo em locais de votação foram relatados na sexta (15) e no sábado (16), incluindo um bombardeio incendiário e pessoas derramando um líquido verde nas urnas.
No ano de 2017, Navalny foi atacado por um agressor que lhe salpicou desinfetante verde na cara.
Yulia Navalnaya, a viúva de Alexei Navalny, participou de um protesto contra Putin neste domingo e votou na embaixada russa em Berlim.
Durante os três dias de votação, a Ucrânia intensificou os bombardeios contra a Rússia e promoveu incursões em território russo.
A Ucrânia lançou um ataque com drones contra Moscou neste domingo. Foram 36 drones de longo alcance direcionados a oito regiões russas. Quatro deles tinham como alvo a capital russa.
Putin se mantém no poder há 24 anos sendo o presidente mais longevo da Rússia desde Josef Stalin, da época da União Soviética.
A maioria dos políticos que faziam de oposição a Putin foi presa, e alguns deles morreram em circunstâncias duvidosas, como Alexei Navalny e Boris Nemtsov. Outros, como Garry Kasparov, foram condenados como terroristas e deixaram o país.
Putin não permite que opositores no seu nível disputem eleições contra ele. Veículos de imprensa também foram banidos, inclusive o “Novaya Gazeta”, cujo fundador venceu um Nobel da Paz por causa do jornal.
A Promotoria do país decretou que qualquer manifestação durante o período de votação é ilegal e está sujeita a punição.
Na manhã da sexta, primeiro dia de votação, uma mulher foi presa após jogar tinta contra uma urna em um dos locais de votação em Moscou.
Mesmo assim, a esposa de Alexei Navalny, Yulia Navalny, convocou um grande ato de protesto na capital russa no domingo.
Democracia administrada
As eleições russas tratam só de uma “cortina”, e não algo real, acontecem porque a Constituição determina que é preciso realizá-las, disse Lenina Pomeranz, professora da USP especializada em economia russa. “Putin controla as eleições para continuar no poder”, disse ela.
Nas eleições atuais, havia outros dois candidatos "de verdade" originalmente:
-Boris Nadezhdin, de centro-direita, e
-Yekaterina Duntsova
“Pelas normas, eles deveriam apresentar 100 mil candidaturas de apoio para se candidatarem. Eles conseguiram mais do que 100 mil, mas a comissão eleitoral afirmou que encontrou defeitos nos formulários do Yekaterina, e ela resolveu apoiar o Boris Nadezhdin. Só que a Comissão Central Eleitoral invalidou milhares de assinaturas que ele apresentou ”, diz a professora.
Pomeranz declara que na Rússia nem mesmo se diz que o regime é uma democracia, mas, sim, uma “democracia controlada”.
Os candidatos que permanecem nas cédulas, na prática, são aliados de Putin. São eles:
-Nikolai Kharitonov: Deputado de 75 anos e candidato pelo Partido Comunista. As pesquisas mostram que ele tem cerca de 4% das intenções de voto.
- Leonid Slutsky: Deputado de um partido nacionalista. Ele tem cerca de 4% das intenções de voto.
-Vladislav Davankov: vice-presidente da Câmara de Deputados. Aparece com cerca de 5% das intenções de votos.