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Brasileiros são deportados do Reino Unido em voos secretos do governo, diz jornal
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Segundo o 'The Guardian', o país nunca fez a deportação de tantas pessoas com uma mesma nacionalidade em voos desse tipo. Ministério do Interior britânico disse que está intensificando medidas contra imigrantes ilegais.
- Por Camilla Ribeiro
- 01/12/2024 15h01 - Atualizado há 2 semanas
Aproximadamente 600 brasileiros, incluindo 109 crianças, foram deportados do Reino Unido em três voos secretos do governo, entre os meses de agosto e setembro deste ano.
Essa informação foi publicada pelo jornal britânico "The Guardian".
De acordo com a publicação, esse número é recorde, pois o país nunca deportou tantas pessoas com uma mesma nacionalidade nesse tipo de voo.
Essas deportações são oficialmente classificadas como voluntárias e o governo britânico declarou ao jornal está intensificando as medidas contra a migração ilegal.
As organizações que fazem proteção aos direitos de imigrantes latino-americanos no Reino Unido demonstram preocupação com o alto número de crianças retiradas do país.
Os três voos que foram relatados pelo "Guardian" ocorreram em um período de menos de dois meses, o jornal não cita para quais cidades brasileiras foram levados os imigrantes:
- Em 9 de agosto, 205 pessoas foram deportadas, entre elas 43 crianças;
- Em 23 de agosto, 206 foram deportadas, incluindo 30 crianças;
- Em 27 de setembro, foram 218 deportados, 36 deles crianças.
O jornal disse que todas as crianças retiradas do país faziam parte de unidades familiares. Muitas delas estavam matriculadas em escolas e passaram a maior parte, ou toda a vida, no Reino Unido.
Segundo a reportagem, as deportações foram classificadas pelo governo como voluntárias e incluíram pessoas que ultrapassaram o prazo de permanência de seus vistos.
O órgão responsável pelas políticas de migração, Ministério do Interior do Reino Unido, oferece incentivos de até 3.000 libras (cerca de R$ 22 mil) para imigrantes que aceitam ser deportados voluntariamente.
“Estamos preocupados com o aumento acentuado nos retornos voluntários de brasileiros no último ano", afirmou a organização Coalition of Latin Americans in the UK (Coalizão de Latino-Americanos no Reino Unido) em comunicado publicado pelo "Guardian". A entidade acrescentou também:
"Como a maior comunidade latino-americana no Reino Unido, os brasileiros enfrentam barreiras significativas para acessar informações de alta qualidade e aconselhamento jurídico credenciado, especialmente em seu próprio idioma."
"Muitos chegaram por meio da migração de países da União Europeia. No entanto, as mudanças nas regras de imigração pós-Brexit deixaram centenas deles e seus familiares fora da UE, com risco de terem seus direitos negados devido à desinformação e aos rigorosos requisitos de elegibilidade.”
A saída dos britânicos da União Europeia que foi aprovada em um plebiscito em 2016, as pessoas que planejavam se mudar entre países do bloco e o Reino Unido passaram a não ter mais permissão automática para a nova residência.
O que fala o governo?
Um porta-voz do Ministério do Interior britânico disse ao "Guardian" o governo está cumprindo um plano de aumentar a deportação de imigrantes ilegais.
“Isso reduzirá nossa dependência de hotéis e custos de acomodação, economizando cerca de 4 bilhões de libras nos próximos dois anos."
O Parlamento do Reino Unido aprovou em abril deste ano, uma lei permitindo que o governo force imigrantes que chegaram de qualquer lugar do mundo e pediram asilo em solo britânico a entrar em um avião que os leve para Ruanda, mesmo que a pessoa nunca tenha pisado em Ruanda.
Essa medida era uma das principais bandeiras do ex-primeiro-ministro, Rishi Sunak, filho de imigrantes indianos.
O primeiro voo que ocorreu em junho, para levar requerentes de asilo para Ruanda foi suspenso, depois que o tribunal europeu de direitos humanos emitiu liminares para impedir a deportação de imigrantes a bordo.