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Queda de desemprego com 7,7%: recorde de trabalhadores ocupados no país, segundo IBGE
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Registrando 8,3 milhões de desempregados, a taxa de desemprego é a menor registrada no país desde fevereiro de 2015. Emprego com carteira assinada foi o que mais cresceu este ano.
- Por Camilla Ribeiro
- 31/10/2023 18h07 - Atualizado há 1 ano
Recorde histórico no mercado de trabalho brasileiro de trabalhadores ocupados e, consequentemente, o patamar mais baixo de desemprego em quase uma década.
Esse registro foi identificado nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, o país encerrou o trimestre terminado em setembro apresentando taxa de desemprego em 7,7%, patamar mais baixo registrado desde o trimestre terminado em fevereiro de 2015.
De acordo com a pesquisa, o desemprego atingia 8,3 milhões de brasileiros, cerca de 100 mil a menos quando comparado com o trimestre imediatamente anterior, terminado em junho deste ano.
Os dados apontam 1,1 milhão a menos que o registrado em setembro do ano passado, o que corresponde a uma queda de 3,8% no trimestre e de 12,1% no ano.
“A queda na taxa de desocupação foi induzida pelo crescimento expressivo no número de pessoas trabalhando e pela retração de pessoas buscando trabalho no terceiro trimestre de 2023”, disse a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
De acordo com a pesquisadora, o grande destaque do levantamento é o aumento do trabalho formal no país.
Em comparação com o trimestre que foi terminado em junho, a ocupação no mercado de trabalho avançou 0,9%.
Em números reais, isso corresponde a quase 1 milhão (929 mil) pessoas a mais trabalhando no país, sendo que mais da metade (587 mil) foi contratada com carteira de trabalho assinada.
“Isso fez com que a expansão da ocupação formal fosse muito maior que a da informal. Não que a informalidade tenha caído. Chegamos a 39 milhões de pessoas trabalhando na informalidade, o que é um contingente significativo ”, disse Adriana.
Em números reais, o mercado de trabalho absorveu 631 mil trabalhadores formais e 299 mil informais no trimestre. A taxa de informalidade chegou a 39,1%, ficando estável na comparação trimestral.
Serviços financeiros e locação de mão de obra ganham destaque
Segundo o IBGE, dos dez setores econômicos analisados pela pesquisa, em comparação trimestral, o único que registrou aumento significativo no número de ocupados foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que absorveu 420 mil trabalhadores.
Para a coordenadora da pesquisa, o destaque de contratações neste setor partiu dos serviços financeiros e de locação de mão de obra, responsável também pela alta das contratações formais.
“Embora essa atividade tenha se destacado no pós-pandemia por causa dos serviços de tecnologia da informação, agora tem registrado expansões seguidas não só relacionadas a esse segmento, mas também aos serviços de locação de mão de obra, administrativos, jurídicos e financeiros. Além disso, boa parte do crescimento do trabalho com carteira assinada no trimestre veio por meio dessa atividade”, disse Beringuy.
Outro destaque no trimestre foi o segmento de administração pública, com incremento de 207 mil ocupados. Segundo Adriana, esse crescimento ocorreu devido a um movimento sazonal do setor público.
Em comparação anual, o maior crescimento de ocupados foi observado na administração pública (685 mil), seguido pelo de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (617 mil).
Rendimento tem ganho real
O rendimento médio real no país foi estimado em R$ 2.982 em setembro. Segundo o IBGE, considerando os efeitos da inflação no período, houve ganho real para o trabalhador brasileiro.
Em comparação trimestral, o aumento no rendimento médio foi de R$ 49, enquanto no ano chegou a R$ 120, valores que correspondentes a uma alta de, respectivamente, de 1,7% no trimestre e 4,2% no ano.
Para a coordenadora da Pnad, o aumento do rendimento médio surgiu dos empregados com carteira no setor privado, empregados no setor público e trabalhadores por conta própria.
"Entre as atividades, houve expansão significativa do rendimento dos trabalhadores da indústria e da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, disse.
Com o crescimento do rendimento médio, a massa de rendimentos no país, estimada em R$ 293 bilhões, alcançou novamente o maior patamar da série histórica da pesquisa . Frente aos três meses anteriores, o aumento foi de 2,7%.
“Diante de uma expansão da população ocupada, temos como resultado o aumento da massa de rendimento real. Essa alta pode ter influência da maior participação de trabalhadores formais no mercado de trabalho, que têm, em média, rendimentos maiores”, analisa a pesquisadora.