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  • 'Sem planeta, não adianta retorno financeiro. É preciso investir onde o mercado não vai', disse o presidente do BID


  • O brasileiro Ilan Goldfajn declarou que BID anunciará US$ 150 bilhões em financiamento de projetos contra mudanças climáticas na COP28, o triplo de uma década atrás. Banco multilateral responde a apelo do G20.

Às vésperas da viajem para a 28ª Conferência do Clima da ONU em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, disse que a instituição que ele dirige será o primeiro banco multilateral a triplicar os recursos investidos em projetos de financiamento de combate às mudanças climáticas.

Essa medida está atendendo a um chamado feito pelos líderes do G-20 no mês de setembro desse ano.

De acordo com o brasileiro Goldfajn, o montante que foi destinado pelo banco à sustentabilidade passará de US$ 50 bilhões, nos últimos dez anos, para US$ 150 bilhões, na próxima década.

Dentre as medidas há variedade: serão US$ 1,2 bilhão para a conservação do arquipélago de Galápagos, no Equador, e US$ 350 milhões para Recife reformar seu sistema de drenagem e contenção de encostas.

Outros US$ 400 milhões destinados para a descarbonização da República Dominicana e US$ 750 milhões para pequenos e microempreendedores sustentáveis na Amazônia brasileira.

Entre questionamentos e pedidos de reforma de líderes globais, entre os quais o presidente brasileiro Lula, os bancos multilaterais como o BID ou o Banco Mundial têm sido questionados sobre seu empenho em garantir investimentos em sustentabilidade econômica e ambiental.

Goldfajn reconhece a necessidade de reformas, mas as atrela ao processo de entendimento dos governos e da sociedade sobre a urgência da discussão climática.

"É verdade que há um amadurecimento sobre a questão do aquecimento global, já está muito claro que a região (das Américas) está enfrentando uma quantidade de choques climáticos", diz ele, citando o recente e devastador furacão Otis em Acapulco.

Goldfajn foi eleito para a presidência do banco depois que seu antecessor, Mauricio Claver Carone, indicado por Donald Trump, foi retirado do posto por escândalos corporativos,

Goldfajn organizou campanha defendendo que o BID fosse mais técnico e menos ideológico.

Ele também quase foi alvejado politicamente na transição entre o governo Bolsonaro e o governo Lula.

Goldfajn foi presidente do Banco Central de Michel Temer e viu sua candidatura ao BID ameaçada por uma declaração do ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Guido Mantega, sugerindo que a escolha do brasileiro, o primeiro a ocupar a presidência do banco, fosse postergada.

Então presidente Lula  desfez o mal-estar mais tarde ao mandar recados de que não se opunha ao nome de Goldfajn.

Nas vésperas de assumir a presidência do grupo de bancos multilaterais globais, Goldfajn está na tentativa de manter um perfil politicamente discreto.

 Ele se recusou, por exemplo, a comentar as possíveis reformas monetárias - como a dolarização - que o recém-eleito presidente da Argentina, Javier Milei, prometeu fazer.