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  • Segundo o IBGE, após 5º ano de alta da participação da mulher no mercado de trabalho brasileiro, ganho segue menor do que os dos homens


  • Pesquisas relatam que o nível de participação feminina aumentou nos últimos 8 anos em comparação a masculina. Mas a remuneração continua baixa.

Já é o quinto ano seguido que as mulheres atuam mais no mercado de trabalho, porém o ganho mensal ainda é menor do que os homens, e ocupam lugares menos privilegiados cada vez mais.

Esse dados são coletados da Estatísticas de Gênero divulgadas nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tais informações são de 2019, onde a participação feminina condizia em 54,5%, enquanto a masculina era de 73,7%.

Evolução da participação entre homens e mulheres

Segundo o analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE André Simões, o aumento da participação feminina pode estar atrelado ao impacto da crise econômica entre 2015 e 2016 sobre a ocupação dos homens. 

Essa ocorrência aumentou anualmente desde 2015, enquanto a deles caiu seguidamente entre 2016 e 2018

“Uma coisa que a gente pode falar é que a crise de 2015 e 2016 afetou muito os setores que empregam mais homens, como a indústria e a construção civil. As mulheres, é claro, sentem a crise também, mas elas estão mais em setores como os de serviços, que sofreram menos”, apontou.

O pesquisador, depois de ter sido questionado, deixou nítido que “não necessariamente” houve uma melhora qualitativa da ocupação das mulheres no mercado de trabalho.

Ou seja, mulheres ainda ocupam na maioria das vezes cargos inferiores se comparado aos homens.

“Esse dado [aumento da taxa de participação] pode estar mostrando uma questão de necessidade da mulher buscar uma ocupação, tendo em vista a saída de homens do mercado de trabalho diante da crise. Elas podem ter entrado no mercado para garantir a provisão do domicílio diante do desemprego dos homens”, explicou.

Além da luta feminina com a desigualdade sexual, elas também sofrem com a desigualdade racial, onde apenas 53,5% de participação preta e parda atua no mercado, sendo abaixo da média.

Gravidez e filhos pequenos




A pesquisa feita pelo IBGE também mostrou que ter filhos pequenos são um obstáculo para ingressar e conciliar no mercado de trabalho. 

No ano de 2019, o nível de colaboração das mulheres sem filhos de até 3 anos de idade era de 67,2%. Em contrapartida os das mulheres com filhos nessa faixa etária caía para 54,6%.

Segundo Simões:

"Esses dados evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas a favorecer a ocupação das mulheres no mercado de trabalho. A oferta de creches, por exemplo, por si só poderia aumentar a participação delas, porque elas teriam onde deixar os filhos enquanto trabalho"

"O maior compartilhamento entre homens e mulheres dos cuidados e afazeres domésticos também é outro fator importante para a ampliação da autonomia das mulheres no mercado de trabalho”, acrescentou Simões.

O levantamento relatou que o tempo médio das mulheres são de 21,4 horas semanais dedicadas em serviços domésticos e cuidados a outras pessoas, quase o dobro da média dos homens.

Atualmente, no parlamento houve aumento feminino 

Em um ranking de 190 países , Brasil está com ocupação em 142º em relação à presença feminina no parlamento.

Entre 2017 e 2020 aumentou de 10,5% para 14,8% a proporção de mulheres exercendo o cargo de deputada federal. Um crescimento, mesmo com as adversidades.

Aumento das mulheres com CNPJ

“Não podemos dizer que são todos empreendedores só porque têm CNPJ. Esse aumento pode ter acontecido em ocupações mais elementares, no sentido de buscarem uma forma de se ocupar formalmente no mercado sem que isso reflita em remuneração maior”, relatou Simões.

Com aumento de média 1,2 milhão a quantia de mulheres ocupadas como conta própria ou empregadoras com CNPJ. Já os homens, esse aumento foi de 1,5 milhão.

2º queda seguida em cargos 

Mesmo com o seu aumento participativo, a figura feminina ainda é muito inferiorizada e subestimada. Porém, se comparado em 2012, segue maior.

“São muitas as barreiras. Na esfera cultural, a mulher ainda é vista como a pessoa que deve assumir a função reprodutiva e de cuidados domésticos, enquanto os homens ainda são encarados como os provedores do lar”, disse Simões.

Homens seguem ganhando mais do que mulheres

Em 2019, a quantia média das mulheres foi R$ 1.985, 22% menor que a média dos homens, que foi avaliada em R$ 2.555. 

Esses valores não incluem outros rendimentos, como auxílio, mas uma aproximação do rendimento comum.

De acordo com o IBGE, a remuneração das mulheres foi menor em todas as faixas etárias.