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  • Taxa de juros: Haddad prevê possível corte em um futuro muito próximo


  • A maioria dos integrantes do Copom avaliou nesta terça-feira (27) que a contínua queda da inflação possibilitará uma queda dos juros para o começo de agosto.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou nesta terça-feira (27) que existe uma possibilidade clara de "boa parte" da diretoria do Banco Central de que os efeitos da taxas de juros altas "produziram os resultados, e que o risco fiscal [de descontrole das contas públicas] está afastado".

De acordo com o ministro ainda há um "consenso" no que diz respeito à trajetória próxima das taxas básicas de juros, atualmente em 13,75% ao ano, maior nível dos últimos seis anos e meio.

"O Brasil está em trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal [relativa às contas públicas] com a política monetária [decisões de juros por parte do BC para conter a inflação], que é algo que e defendo desde dezembro, eu acredito que possa acontecer brevemente [um possível corte de juros]", disse Haddad.

A maioria dos integrantes do Copom, colegiado formado pelo presidente e diretores do Banco Central e responsável por fixar os juros básicos da economia realizaram um estudo sobre a continuidade de queda da inflação e possíveis impactos para o IPCA o que possibilita uma queda dos juros para agosto.

"A avaliação predominante [entre os integrantes do Copom] foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso [bem gradual] de inflexão [corte dos juros] na próxima reunião [marcada para o início de agosto]", explicou o BC, em ata da última reunião do Copom.

Segundo o Copom cortes de juros "exigem confiança" no trajetória de queda da inflação, é preciso cautela e estudos, uma vez que reduções "prematuras" da taxa Selic podem gerar "reacelerações do processo inflacionário".

Caso haja uma reaceleração da inflação, um possível corte prematuro dos juros, pode trazer prejuízos, "levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário", ou seja, fazer com que o BC pare de baixar as taxas de  juros.

"A materialização desse tipo de cenário [parada dos cortes de juros por uma eventual reaceleração da inflação] pode impactar negativamente não apenas a credibilidade da política monetária [da definição do juro pelo BC], mas também as condições financeiras", informou o BC.

De acordo com o ministro Fernando Haddad, em ata do Copom, ficou claro que o país está no caminho certo. "Eu penso que a economia brasileira, precisa, em virtude dessa desaceleração do crédito no Brasil, muito acentuada, considerar o esforço sendo feito pelo governo. E a trajetória das variáveis todas de desaceleração, taxas de inflação, convergência. Vamos ver, vamos aguardar", concluiu Haddad.

Previsão do mercado para possível corte em agosto

A expectativa do mercado é que em agosto os juros comecem a recuar passando para 13,50% ao ano.

Espera-se que até o fim deste ano a Selic caia para 12,25% ao ano.

Para realizar a definir na taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz planos para o futuro.

A instituição já está de olho na meta para o ano que vem. Isso ocorre dessa maneira porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para impactar na de forma integral na economia.

Para o próximo ano a meta de inflação que foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é correspondente a 3% e deverá ser considerada cumprida se variar entre 1,5% e 4,5%.

Economistas do mercado financeiro fizeram uma redução da estimativa de inflação para este ano, de 5,12% para 5,06%. Projetaram uma inflação de 3, 98% para o ano que vem.

O presidente pressiona

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a pressionar o Banco Central para que este possa iniciar o processo de redução da taxa básica de juros da economia.

O presidente também faz críticas ao efeito de juros altos sobre o crescimento da economia e sobre a geração de empregos.

Em transmissão pela internet na semana passada Lula pressionou pela queda dos juros.

"Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porque ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por que ele não baixa [a taxa]", concluiu.