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  • Setores que apresentarão destaque nos balanços financeiros do 3º trimestre


  • Em meio a cenário de juros em dois dígitos, desconfiança com contas públicas e incertezas internacionais, empresas divulgam resultados

Na próxima terça-feira (22), começa a temporada de balanços financeiros do terceiro trimestre das empresas listadas na B3.

Companhias têm até o dia 15 de novembro para divulgar seus resultados referentes ao terceiro trimestre, como faturamento, vendas, despesas e outros.

Diante de um cenário de juros em dois dígitos, inflação alcançando o teto da meta e dúvidas com as contas públicas, incertezas internacionais com a recuperação da China e política monetária nos EUA, analistas apontam quais setores devem estar no radar do mercado.

O especialista da Valor Investimentos, Virgílio Lage, declara que as empresas dos setores de agronegócio, energia e saneamento, parte do setor financeiro e de infraestrutura são algumas das que devem apresentar os melhores resultados.

“Os melhores desempenhos devem vir dos setores de commodities, mineração e até papel e celulose, beneficiados pela alta do dólar”, pontua o especialista da Valor Investimentos.

“Tecnologia e comunicação também devem apresentar bons desempenhos, mas por conta de melhoramentos na implementação de inteligência artificial”, continua.

Especialistas destacam que o cenário econômico apresenta impactos diferentes entre os setores.

Isso ocorre porque a inflação pressionada e juros altos são fatores com cargas negativos para segmentos voltados ao mercado interno, como imobiliário e varejistas.

Mesmo assim, Jennie Li, estrategista de ações da XP, diz que a perspectiva é boa para este trimestre.

“Um destaque positivo pode ser em setores mais relacionados a consumo. Há expectativa de que as varejistas podem entregar uma temporada também relativamente mais sólida, continuando a dinâmica vista no segundo trimestre, apesar de um cenário macro fragilizado”, pontua.

A alta do dólar beneficia as companhias com maior exposição internacional, como commodities e também exportadoras de bens.

“Como a maioria das principais empresas brasileiras são ligadas a commodities, isso acaba favorecendo a economia”, diz Lage.

O estrategista-chefe do grupo Laatus, Jefferson Laatus, é um pouco mais comedido. Diante do câmbio elevado e a inflação pressionada, ele declara que setores mais dependentes ao consumo estão na área cinza nesta temporada, podendo apresentar resultados neutros ou de leve recuo.

Por outro lado, o setor financeiro deve mostrar resultados mais consistentes.

“Os bancos ainda pegaram um terceiro trimestre onde a taxa de juros estava estável [em 10,5% durante a maior parte do período], mas vinha de desaceleração. Aumentou agora [para 10, 75%], mas ainda não faz efeito, no quarto trimestre, talvez”, explica Laatus.