-
Copom mais inflexível que o esperado deve acalmar mercado, segundo economistas
-
O BC acelerou os juros e indicou mais duas altas da mesma magnitude nos próximos encontros
- Por Camilla Ribeiro
- 11/12/2024 22h32 - Atualizado há 1 semana
Nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) votou para acelerar a alta da taxa de juros básica do país em 1 ponto percentual. Diante disso, a Selic irá encerrar 2024 no patamar de 12, 25%.
Mesmo com alguns agentes econômicos apontando a possibilidade, a mediana do mercado, apurada pelo boletim Focus que foi divulgado na segunda-feira (9), esperava uma elevação de 0,75 ponto.
O BC além de acelerar os juros também indicou mais duas altas da mesma magnitude para os próximos encontros, em janeiro e março de 2025.
Segundo analistas, a decisão rígida poderá acalmar os mercados, que atuam em forte aversão ao risco com a piora das expectativas com o cenário fiscal no Brasil nas últimas semanas.
Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) e presidente do conselho da JiveMauá, declarou que a postura foi “bem dura”, porém, “bem correta”.
“[O Copom foi] bem firme nos pontos que realmente mudaram da última reunião para cá, e suscitaram essa postura bem mais firme. Para mim, correto e muito firme”, completou Figueiredo.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, comemora o anúncio ao avaliar que ele remove “qualquer dúvida do compromisso deste Banco Central em controlar a inflação”.
Dessa forma, avalia que o mercado pode ficar mais tranquilo após a decisão.
“Acho que o mercado pode reagir positivamente amanhã com queda da ponta longa e apreciação da moeda brasileira. Esse Copom é muito importante porque ele é já uma sinalização, o simbólico é mais real do que o real, é muito importante”, enfatiza Gala.
“É o primeiro Copom depois do atraso do pacote fiscal, que não veio com a força que se imaginava, e depois com o movimento do dólar indo a R$ 6”.
Camilla Dolle, Head de Renda Fixa da XP, aponta que os juros futuros deverão suavizar, com relação ao longo prazo, após o endurecimento do Copom.
“O que a gente deve ver em relação à reação do mercado, provavelmente é o aumento na expectativa de juros para o curto prazo, que é aquele pensando a expectativa em relação à política monetária. E é possível que a gente veja uma um fechamento de curva para o longo prazo em resposta”, explica Dolle.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de contenção fiscal, no final de novembro cuja expectativa é de trazer economia aos cofres públicos de mais de R$ 70 bilhões para os próximos dois anos, com medidas como revisões no abono salarial e no reajuste do salário mínimo.
Essas medidas foram apontadas como insuficientes na estabilização da dívida pública.
A avaliação é que o governo erro quando anunciou a proposta de renúncia fiscal, a isenção de Imposto de Renda (IR), para quem recebe até R$ 5 mil por mês.
A repercussão foi péssima entre os investidores, fazendo o dólar alcançar os maiores patamares desde a criação do Plano Real, em 1994.
O Copom vinha evidenciando preocupações com o cenário exterior, com a perda de valor do real frente ao dólar e a deterioração das expectativas de inflação dos agentes econômicos.