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  • Aumento do IPCA de 0,26% em setembro, puxado novamente pela gasolina


  • O país começar a ter uma inflação acumulada de 5,19% em uma janela de 12 meses, saindo do intervalo da meta perseguida pelo BC. A gasolina é o subitem que mais teve alta em 2023, com acúmulo de 16,18% no ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), quando considerado a inflação oficial do país, subiu 0,26% em setembro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao mês anterior, o indicador voltou a acelerar puxado pela gasolina, que apresentou uma alta de 2,8% em setembro e uma contribuição de 0,14 ponto percentual no índice geral.

Em agosto, o IPCA fechou com alta de 0,23%. No mês de setembro de 2022, o país havia registrado uma deflação de 0,36% na esteira da desoneração de combustíveis.

Diante dessa situação, o país passa a ter uma inflação acumulada de 5,19% em uma janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 3,5%.

O resultado apresentado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, que previa uma alta de 0,33% no mês. Em 12 meses, o indicador voltou a sair do intervalo das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. A meta é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%.

Seis dos nove grupos que formam o IPCA tiveram alta no mês, com destaque para Transportes (1,4%), que sustenta o avanço nos preços dos combustíveis. Além da gasolina, outro aumento com destaque do grupo vem das passagens aéreas, que subiram 13,47% em setembro. 

Resultado dos grupos do IPCA:

-Alimentação e bebidas: -0,71%;

-Habitação: 0,47%;

-Artigos de residência: -0,58%;

-Vestuário: 0,38%;

-Transportes: 1,40%;

-Saúde e cuidados pessoais: 0,04%;

-Despesas pessoais: 0,45%;

-Educação: 0,05%;

-Comunicação: -0,11%.

Pressão em Transportes

A gasolina é o subitem do IPCA que apresentou mais crescimento em 2023, com alta acumulada de 16,18% no ano.

A variação em 12 meses é de 16,57%, o que aponta como o combustível sofreu pressão desde a virada do ano.

Durante este mês, o avanço nos preços da gasolina contribuiu para um aumento de 2,7% no item combustíveis.

Dentro do grupo, temos um destaque também para o diesel, que teve alta de 10,11% no mês. Já o gás veicular subiu 0,66%, enquanto o etanol registrou queda de 0,62%.

Também em Transportes, segue a volatilidade de preços de passagens aéreas. Neste mês, houve alta de 13,47% e participação de 0,07 p.p. no indicador, vindo de uma queda de 11,69% no mês anterior. 

Alimentação e bebidas em queda

O setor de Alimentação e bebidas registrou o maior peso no IPCA de setembro (21,1%), e obteve queda de 0,71% no mês.

Foi a quarta deflação seguida nos preços do grupo, acumulando redução de 2,65% no período

“De modo geral, temos um ano com safra grande que tem contribuído para maior disponibilidade de alimentos no mercado. Essa maior oferta reduziu os preços de subitens importantes, como carnes e leite” disse André Almeida, gerente de IPCA do IBGE.

O setor de alimentação é quem puxa os resultados de deflação do grupo é o item alimentação no domicílio, que engloba artigos de alimentação in natura. 

No último mês, o recuo foi de 1,02%. Mas expandindo a análise e considerando os quatro meses de queda dos preços do grupo, o item acumula retração de 4,01% no período.

Ainda no mês de setembro, o IBGE destaca as quedas da batata-inglesa (-10,41%), da cebola (-8,08%), do ovo de galinha (-4,96%), do leite longa vida (-4,06%) e das carnes (-2,10%).

Quem põe freio com uma redução mais acentuada dos alimentos e bebidas é o item Alimentação fora do domicílio. No mês, a alta foi de 0,12%.

"As altas da refeição (0,13%) e do lanche (0,09%) foram menos intensas do que as observadas em agosto (de 0,18% e 0,30%, respectivamente)", aponta o IBGE. 

Serviços e monitorados

Um dos principais núcleos observados pelo Banco Central (BC) para o gerenciamento da taxa básica de juros, a inflação de serviços teve leve aceleração no mês de setembro. A alta no mês foi de 0,5% contra 0,08% em agosto.

No acumulado de 12 meses, a inflação de serviços acumula 5,54%. No estudo anterior, eram 5,43%. A principal influência para a aceleração veio das passagens aéreas, que têm sido bastante voláteis mês a mês.

Mesmo assim, os serviços ainda estão bem abaixo do pico que registraram em julho de 2022, quando subiram quase 9% na janela de 12 meses.

Com o crescimento do índice geral, eles se aproximam do restante da cesta e deixam de descolar dos resultados agregados.

Os preços monitorados também voltaram a chamar atenção. São itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos. A alta para o mês de setembro foi de 1,11%, contra 1,26% em agosto.

“Dos mais de 360 itens medidos pelo IPCA, uma parcela sofre aumentos por fatores de demanda, mas a dinâmica da inflação tem sido bastante influenciada pelos monitorados” disse André Almeida, gerente de IPCA do IBGE. 

Resultado abaixo das expectativas

A média das expectativas para o mercado financeiro apontava para uma alta de 0,33% no IPCA de setembro. O resultado surpreendeu para baixo e trouxe boas notícias sobre o comportamento dos preços, de acordo com analistas.

"A despeito de serviços terem acelerado no mês, os demais itens que compõem o índice mostraram um qualitativo benigno, com difusão muito baixa e as diversas medidas de núcleos bem-comportadas", diz João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.

"Assim, as aberturas do dado de hoje reforçam a dinâmica recente da inflação no país e o plano de voo do Banco Central no ciclo de cortes de juros", prossegue.