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Banco Central cogita extinguir rotativo do cartão de crédito e criar parcelamento com juros menores
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O mecanismo deverá cobrar tarifa extra para desincentivar uso, diz Campos Neto; juro ficaria em cerca de 9% ao mês. O crédito rotativo atualmente cobra 15% de juros mensais.
- Por Camilla Ribeiro
- 10/08/2023 17h32 - Atualizado há 1 ano
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou nesta quinta-feira (10) que a instituição estuda alternativas para poder reduzir a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo.
De acordo com dados do BC, a inadimplência do crédito atinge cerca de 50% das operações, índice sem precedentes em outros países.
Campos Neto afirmou nesta quinta-feira que uma alternativa seria a extinção do rotativo do cartão que é acionado automaticamente sobre o saldo devedor.
Os juros apresentados desse tipo de crédito são considerados abusivos por especialistas.
Em junho, chegaram a 440% ao ano, a maior taxa do mercado financeiro. De acordo com o Banco Central, esse patamar equivale a uma taxa de juros de 15% ao mês.
Campos Neto declarou que em substituição ao rotativo, o Banco Central avalia enviar o devedor diretamente para um parcelamento desse saldo, com juros de cerca de 9% ao mês, pouco acima da metade dos 15% atuais.
"A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão, vai direto para o parcelamento ao redor de 9% [ao mês]", afirmou Campos Neto.
Campos Neto também apontou incômodo do BC diante do sistema atual de financiamento por cartão de crédito.
Os cartões atuais permitem aos correntistas parcelas compras em até 13 parcelas sem juros. Essa modalidade também não existe no resto do mundo.
É como se fosse um financiamento de longo prazo sem juros", apontou o presidente do Banco Central.
Segundo ele, o BC avalia criar algum tipo de "tarifa" para desincentivar a compra desenfreada no crédito em uma quantidade muito grande de parcelas, o que, com frequência, leva o comprador a perder o controle da própria fatura.
"Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo. Lembrando que cartão de crédito é 40% do consumo no Brasil", explicou Campos Neto.
Outra alternativa, seria limitar os juros no cartão de crédito rotativo. Esse cenário, no entanto, poderia levar os bancos a retirarem o crédito de correntistas com "maior risco" de não honrar a fatura, o que prejudicaria o consumo e o varejo.
Campos Neto informou que a proposta do Banco Central para o cartão de crédito rotativo deverá ser apresentada nas próximas semanas.
De acordo com ele, há um projeto de lei ligado ao Desenrola, que está refinanciando dívidas de inadimplentes, que tem um prazo de até 90 dias para ser apresentado.
Ministro da Fazenda
Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou quer irá realizar negociações com instituições financeiras sobre uma possível redução nas taxas de juros para crédito rotativo.
"O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados", declarou ele, na ocasião.