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  • Haddad fala sobre 'gordura monetária' e cita parceria com BC para continuar cortando juros


  • Nessa última semana, Copom definiu outro corte de 0,5 ponto na Selic, agora com 12,25% ao ano. No primeiro semestre do ano a 'demora' para os juros baixarem gerou ruídos entre governo e Banco Central.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disse nesta segunda-feira (6) que irá continuar trabalhando em parceria com o Banco Central para que o corte da taxa básica de juros tenha continuidade.

Haddad pontuou que o governo federal aumentou os impostos sobre os combustíveis neste ano e mesmo assim, a inflação está em queda.

"Isso é muito relevante, pois não está sendo baixada inflação na marra. Esta sendo feito um trabalho para que isso aconteça já em um ciclo de cortes, que na minha opinião vai continuar. Vamos continuar trabalhando em parceria para continuar no ciclo de cortes", disse Haddad, durante evento do BTG Pactual.

-O mercado tem uma projeção de que o IPCA some 4,63% neste ano, dentro do intervalo das metas de inflação, contra 10,06% em 2021 e 5, 79 em 2022.

-Na semana que passou, o Banco Central fez uma redução na taxa básica de juros pela terceira vez consecutiva, para 12,25%ao ano.

Em meio as discussões sobre a possível mudança da meta fiscal para 2024, o Comitê de Política Monetária, chamou a atenção para o resultado das contas públicas.

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas [déficit zero em 2024] para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", avaliou o Banco Central na última semana.

'Gordura para queimar' no corte de juros

Na compreensão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda existe "muita gordura monetária para queimar", ou seja, espaço para continuar reduzindo a taxa básica de juros da economia.

O mercado financeiro faz projeção que a taxa Selic terminará este ano em 11,25%e 2024 em 9, 25% ao ano.

"Ainda estamos em 12,25% [ao ano]. Temos espaço para continuar trabalhando com juro civilizado desde que haja compromisso dos três poderes. O resultado fiscal é um trabalho de parceria, que o Judiciário tem de entender repercussão de suas decisões, que o Legislativo tem de entender repercussão de suas decisões e o Executivo tem de entender repercussão de suas decisões", disse ele.

Decisões da Justiça 'erodem' arrecadação

O ministro da Fazenda voltou a citar duas decisões da justiça que, de acordo com ele, estão "erodindo" a arrecadação federal neste ano e impedindo um resultado melhor. 

Segundo o ministro, o impacto dessas decisões, em 2023, é de uma perda de cerca de R$ 65 bilhões em receita.

São elas:

-a decisão de 2017 autorizando o abatimento, por empresas, de subvenções dadas por estados a empresas estão sendo usadas para despesas de custeio. 

-exclusão do ICMS sobre a base de cálculo de PIS e Confins.

"É uma situação de curto prazo [nas contas públicas] que inspira cuidados tópicos. Temos de endereçar essas duas questões com responsabilidade e transparência", completou o ministro.