-
O BC sofre pressão da economia brasileira e do cenário internacional, dizem economistas
-
O aperto em que se encontra a política monetária pode esbarrar nas perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto nos próximos trimestres
- Por Camilla Ribeiro
- 03/12/2024 18h50 - Atualizado há 2 semanas
No terceiro trimestre, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), somado a instabilidade no cenário internacional devem gerar ainda mais pressão sobre o Banco Central (BC) para conter a inflação e trazê-la para a meta de 3%
“A resiliência do consumo e do investimento reforça a percepção de que a economia está crescendo acima de seu potencial, com um hiato do produto positivo. O Banco Central enfrenta o desafio de ajustar a taxa de juros reais de forma a alinhar o ritmo de crescimento econômico à meta de inflação de 3,0%, em um contexto de expectativas desancoradas e significativa depreciação cambial”, disse Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo.
O aperto da política monetária pode esbarrar nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos trimestres, na avaliação dos economistas.
Os setores de Serviços (0,9%) e Indústria (0,6%) se destacaram , já o consumo da familia foi pelo lado da demanda, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) nesta terça (3).
Por outro lado, a Agropecuária recuou 0,9% no período. Em valores correntes e foram gerados R$ 3,0 trilhões
De acordo com Claudio Considera, pesquisador associado da FGV/Ibre, os resultados desta terça são positivos para a economia, apontando um crescimento estável.
“A perspectiva é que a economia [para próximos trimestre] continue crescendo, terminando este ano em 3,5%. A queda na desocupação, aumento de renda médio e aumento no consumo, com crescimento positivo em diversos setores”, explica.
O Consumo das Famílias nesse trimestre cresceu 1,5%, o décimo quarto trimestre de alta consecutiva.
A expansão foi influenciada principalmente por programas governamentais e também a melhora no mercado de trabalho.
Cláudio retoma a preocupação pontuando que esse aquecimento da economia deve levar o Banco Central (BC) a sustentar o atual aperto da política monetária para frear a inflação.
“Há uma queda na inflação, o que pode amenizar a necessidade de aumentar a taxa de juros novamente. Espero que o BC dose um pouco essa questão do controle da inflação devido ao crescimento”, ressalta.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, ressalta que dados apontam um crescimento geral disseminado, tanto pela oferta quanto pela demanda, e com recuo da agropecuária.
“Por outro lado, essa força da atividade reforça o desafio para o BC, que deve manter a parte curta da curva de juros pressionada", ressalta.
Em nota, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que a indústria teve bom desempenho puxado por crescimento contínuo de subsetores industriais.
“A indústria de transformação continuou apresentando desempenho positivo, ao crescer 1,3% no 3º trimestre. Com este resultado, o segmento registra o quinto trimestre consecutivo sem quedas, favorecido pelo bom desempenho da categoria de bens de capital e bens de consumo duráveis”, diz o comunicado.