-
'The Economist' destaca otimismo de investidores com o Brasil e enaltece Haddad
-
A revista apontou que a economia global apresenta circunstâncias favoráveis ao país, também menciona medidas de ajuste promovidas pelo governo e ressalta o papel de um “eficiente ministro da Fazenda”.
- Por Camilla Ribeiro
- 03/08/2023 16h00 - Atualizado há 1 ano
A revista britânica "The Economist" publicou uma reportagem sobre o Brasil nesta quarta-feira (2), destacando o sentimento mais otimista de investidores internacionais com o nosso país.
A reportagem afirma que o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou possíveis desconfianças de que o governo pudesse trilhar um caminho de retrocesso provocada por desajuste fiscal.
A última passagem do partido pelo poder, no governo de Dilma Rousseff (PT) trilhou caminhos de uma quase catástrofe provocada por desordem fiscal.
A revista aponta que a economia global apresenta circunstâncias favoráveis ao Brasil.
Também menciona medidas de ajuste promovidas pelo governo e ressalta o papel de Fernando Haddad, um “eficiente ministro da Fazenda”.
“Muitos economistas creditam a Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, grande parte do otimismo. Ele está por trás das duas grandes reformas que poderiam colocar o Brasil em uma base mais estável”, diz a Economist.
De forma específica, a revista cita a reforma tributária e o arcabouço fiscal.
Ambas medidas que estão em tramitação no Congresso, porém com grandes chances de aprovação ainda este ano.
“Mesmo aqueles que são céticos pensam que a dívida acabará ficando sob controle”, diz a Economist.
“No entanto, o otimismo deve ser moderado. Para começar, o sucesso da reforma tributária e do quadro fiscal não está garantido. Os detalhes da reforma tributária ainda não foram definidos. Ou seja, ainda não está claro qual será a nova alíquota do IVA, nem quantos setores terão alíquota reduzida ou isenção dela”, continua o texto.
A Economist recorda que Lula aumentou os gastos públicos em seus primeiros 100 dias, com um reajuste de políticas sociais.
A reportagem preocupa-se também com o patrocínio do presidente a um subsídio aos fabricantes de carros, caminhões e ônibus, com o programa de descontos do carro zero.
“A história adverte contra o excesso de entusiasmo. O Brasil tem um enorme potencial, mas tem consistentemente ficado abaixo do esperado”, concluí o texto.
“O cenário global e as proezas de Haddad estão aumentando o otimismo dos investidores agora. Mas será necessária uma boa política consistente para reverter a tendência de longo prazo do Brasil”.
Crescimento do cenário
Comparando os fatores externos, a Economist afirma que o aperto monetário em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, fez investidores observarem mais em economias emergentes.
Dentro desse contexto, o Brasil vem se destacando desde o ano passado na captação de recursos de investidores e foi o 5º país do mundo com mais Investimento Estrangeiro Direto (IED).
A cifra chegou a US$ 91 bilhões em 2022, o dobro do que foi recebido em 2021.
“O salto ocorreu apesar do fato de que as entradas globais de IED em 2022 terem caído 12% em comparação com 2021”, disse a revista.
Para este ano, a revista recorda que a restrição de venda de grãos, ainda por conta da guerra na Ucrânia, favoreceu os exportadores brasileiros e gerou impulso do PIB no 1º trimestre, com crescimento do agronegócio e da venda de soja.
A Economist citou também como fundamental para a melhora de percepção de investidores a independência do Banco Central.
A revista aponta o confronto de Lula para com o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, acusando-o de manter o país com juros demasiadamente altos.
A Economist afirma que, aparentemente, a política monetária apertada “compensou”, já que a inflação caiu de 12% em abril de 2022 para cerca de 3,2% hoje, com perspectiva de fechar o ano perto dos 5%.
Em conclusão a revista diz que o Brasil pode se beneficiar nos próximos anos de seu potencial de produção de energia limpa.
Além da possibilidade de desfecho de um acordo de anos com a União Europeia.