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Crescimento das despesas previdenciárias e benefícios gera preocupação com equilíbrio fiscal para o orçamento de 2025
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Benefícios previdenciários aumentaram R$ 71,1 bilhões com relação ao Orçamento do ano passado. O ministro Fernando Haddad já declarou que é preciso desvincular esses gastos do salário mínimo.
- Por Camilla Ribeiro
- 02/09/2024 22h15 - Atualizado há 3 meses
O Orçamento de 2025 e aumentos previstos com gastos previdenciários e benefícios sociais gerou preocupação entre economistas e setores do Congresso em relação ao equilíbrio fiscal das contas públicas.
Na última sexta-feira (30), o Orçamento foi enviado pelo governo ao Congresso. Nesta segunda (2), a equipe econômica detalhou os principais pontos.
O teto das despesas para o ano subiu R$ 143,9 bilhões em relação a 2024. Esse aumento obedece o limite estipulado pelo arcabouço fiscal.
Alguns dos principais gastos são:
-benefícios previdenciários: R$ 71,1 bilhões a mas que em 2024
-gastos com pessoal e encargos sociais: R$ 36,5 bilhões a mais que em 2024
-benefícios de prestação continuada (BPC): R$ 6,6 bilhões a mais que em 2024
-abono e seguro desemprego: R$ 6,5 bilhões a mais que em 2024
Todos esses gastos são obrigatórios, o governo não tem opção de não fazer os pagamentos.
Muitos desses gastos são corrigidos de acordo com o salário mínimo, que subiu acima da inflação no último ano, o que leva a um gasto público acima do ritmo da economia.
O governo já identificou as despesas e impactos dos benefícios sociais no Orçamento inclusive de 2024.
Em julho, o governo anunciou um congelamento de R$ 15 bilhões para os gastos deste ano, justamente porque as despesas nessas áreas subiram além do esperado.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, declarou, em julho, ser favorável a rever a regra que vincula esses gastos ao crescimento do salário mínimo.
Segundo o ministro, se as despesas obrigatórias crescem acima da inflação, vão limitar demais as despesas discricionárias, aquelas que representam os investimentos do governo.
"Algumas pessoas têm dito que se as regras atuais de vinculação [ao salário mínimo] não forem alteradas, mesmo que se considere o teto de 2,5% do PIB, essas despesas vão acabar comprimindo as despesas discricionárias em função da obrigatoriedade dessas despesas. Esse é um debate legitimo, que está sendo feito também pelo governo federal", declarou Haddad.
Segundo o economista Bráulio Borges, pesquisador do do FGV Ibre, reformas mais profundas nos gastos obrigatórios serão necessárias, como BPC, auxílio-doença e pensões do INSS, para manter o arcabouço fiscal de pé.
Se essas mudanças não acontecerem, acabará nos próximos anos o espaço para gastos livres do governo. E o arcabouço fiscal terá de ser revisto, disse o economista.
"Medidas de combate à fraudes, aumento da fiscalização são bem-vindas. Mas isso tem fôlego curto. Resolve um ano, dois anos. Não é algo mais persistente, permanente. A gente vai ter que em algum momento, acho que vai ficar para um próximo governo, falar de 'revincular'. Ter vinculações mais compatíveis com o equilíbrio fiscal, e que façam sentido para as políticas públicas", declarou Bráulio Borges.