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  • Após críticas, Lula e Campos Neto se reúnem pela 1ª vez desde que assumiu o governo


  • A pauta para a reunião de Lula e Campos Neto não foi divulgada. Antes do encontro desta quarta, petista e presidente do Banco Central tiveram apenas um encontro, em dezembro de 2022, durante a transição governamental.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na tarde desta quarta-feira (27) com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Essa é a primeira reunião entre eles desde a posse de Lula, em janeiro. 

A pauta para o encontro dos dois não foi divulgada. A audiência também contou com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Campos Neto já havia encontrado Lula, antes da posse presidencial, durante a transição de governo, em 30 de dezembro de 2022. Lula é o primeiro presidente que não pôde realizar mudanças na diretoria do BC, incluindo a presidência.

Lula não pode realizar mudanças por conta da autonomia do Banco Central, aprovada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Campos Neto tem mandato até 2024.

Lula vem fazendo várias críticas à Campos Neto sobre a condução da política monetária e da taxa básica de juros, a Selic.

Nesta quarta-feira, Campos Neto afirmou que é importante o governo insistir para zerar o déficit das contas públicas em 2024.

Campos Neto fez  declaração em audiência pública na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados horas antes do encontro com o presidente Lula.

A taxa Selic

A parte principal de crítica de Lula a Campos Neto é o patamar da taxa de juros básica da economia, a Selic. Lula questiona que os juros estão altos demais sem justificativa, impactando no crescimento da economia brasileira.

Lula tomo posse da presidência com a taxa em 13,75%, patamar que o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do BC presidido por Campos Neto e que define o valor da taxa, mantinha desde agosto de 2022.

A Selic passou por primeiro corte no começo de agosto, de 0,5 ponto percentual, indo para 13,25%. Na última quinta-feira (20), o Copom fez um corte da mesma magnitude, com a taxa indo para 12,75%.

Ata do Copom

Em ata de última reunião do Copom, o BC avaliou que as contas públicas estão entre os fatores que pressionam a inflação. E que é "pouco provável", promover um ritmo de corte maior na taxa básica de juros da economia no momento atual.

"O comitê seguiu avaliando que, entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal [contas públicas], receios com a desinflação global [demora na queda da inflação em outros países] e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação", disse o Banco Central.

O Copom apontou, também, que existe incerteza no mercado, e reflete na expectativa de inflação, sobre a "execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais [de zerar o rombo das contas do governo em 2024]".

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", completou o BC.