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  • Fernando Collor Usou Afiliada Da Globo Em AL Para Receber Propina


  • Condenado, Fernando Collor tem exposto esquema de corrupção com a TV Gazeta, filiada da Globo em Alagoas

Numa reviravolta que escancarou um intricado esquema de corrupção, a condenação do ex-presidente Fernando Collor (PTB) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) veio acompanhada de revelações surpreendentes. 

O esquema envolvia a TV Gazeta de Alagoas, afiliada da Rede Globo, que se tornou uma peça-chave nessa trama obscura. Não apenas a emissora era utilizada para o recebimento de propina, mas também se viu envolvida em uma situação financeira tão delicada que a levou à beira da recuperação judicial.

Após longos 16 anos no Senado, Collor se viu condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O motivo? O recebimento e a ocultação de uma volumosa quantia de R$ 20 milhões em propina, fruto de acordos obscuros firmados entre a UTC Engenharia e a BR Distribuidora. 

A definição da pena ficará a cargo do STF, que ainda poderá incluir o crime de organização criminosa na lista de delitos pelos quais Collor deverá responder.

Esquema Do Collor

Prédio da TV Gazet, afiliada da Globo em Alagoas — Imagem: reprodução

O esquema de pagamento da propina era engenhoso. Além de transferências diretas para a conta pessoal do ex-presidente, o dinheiro sujo também era depositado nas contas da TV Gazeta e da empresa Gazeta de Alagoas Ltda., ambas pertencentes à família de Collor. Era uma verdadeira teia de cumplicidade e corrupção.

Nos autos do processo, o relator Edson Fachin revelou uma série de transações suspeitas. Ao longo do período de março de 2011 a março de 2014, foram identificados incríveis 65 depósitos, totalizando R$ 13 milhões. Para não levantar suspeitas, as quantias eram fragmentadas em valores menores, evitando chamar a atenção dos órgãos de controle.

Porém, as irregularidades não paravam por aí. Era necessário criar uma fachada para justificar esses valores exorbitantes.

Assim, os investigadores descobriram uma verdadeira teia de empréstimos simulados. Collor e a TV Gazeta de Alagoas Ltda. realizaram uma complexa manobra, em que o ex-presidente supostamente teria obtido empréstimos no valor de R$ 35,6 milhões junto à emissora. Tudo isso para encobrir o fluxo ilícito de dinheiro proveniente da propina.

Ostentação

Carros de luxo apreendidos na propriedade de Collor — Imagem: reprodução

O que se seguiu foi um festival de ostentação e extravagância por parte de Collor. O dinheiro sujo foi usado para bancar despesas pessoais e aquisições luxuosas, incluindo carros de alto padrão, terrenos, imóveis e até mesmo obras de arte milionárias. 

Entre as extravagâncias bancadas com a propina depositada nas contas da emissora, destaca-se a aquisição de uma deslumbrante Ferrari 458, no valor de R$ 1,45 milhão.

Enquanto isso, as obrigações trabalhistas, os salários dos funcionários e os pagamentos a fornecedores eram sistematicamente deixados de lado.

Tentativa De Esconder As Fraudes

Collor, é claro, nega veementemente ter recebido qualquer tipo de propina. Ele alega que a condenação se baseou em delações premiadas, buscando desacreditar as acusações. 

Segundo sua versão, o dinheiro utilizado provinha de rendimentos legítimos de suas empresas. Porém, os investigadores têm uma história diferente para contar, apontando para movimentações financeiras muito acima dos rendimentos declarados por Collor, conforme relatórios da Receita Federal.

Além disso, a denúncia revela que a TV Gazeta também era utilizada para cobrir despesas pessoais de Collor e sua esposa, o que só aumenta a complexidade do esquema corrupto. 

Repasse De Verbas

O relator Edson Fachin trouxe à tona um exemplo emblemático durante seu voto, datado de 21 de março de 2011. Nessa data, foram identificados depósitos fracionados no valor de R$ 200 mil na conta da TV Gazeta.

Curiosamente, no mesmo dia, ocorreu uma transferência de R$ 180 mil para as contas pessoais de Collor e sua esposa (que não é ré no processo). 

Esses repasses e créditos recebidos pelas contas não foram suficientes para cobrir integralmente as transferências realizadas.

Defesa Nega

Em sua defesa, Collor sustenta que a vida de luxo que levava foi financiada pelo faturamento das empresas da OAM, em especial as empresas de comunicação Gazeta de Alagoas e TV Gazeta. 

Segundo ele, na qualidade de sócio, ele celebrava mútuos (empréstimos) para obter os recursos milionários necessários. Ele nega veementemente ter recebido propina e contesta que tenha indicado diretores da BR Distribuidora, como alegado nas denúncias.

Durante seu depoimento, Luiz Amorim, diretor da OAM e também condenado pelo STF, apresentou uma explicação para os valores depositados nas contas da empresa. Ele afirmou que tais recursos teriam origem na venda de joias e obras de arte pertencentes à irmã falecida de Fernando Collor. 

De acordo com Amorim, a irmã optou por "devolver" à OAM, em forma de valores, os bens que havia herdado da mãe, em vez de deixar uma herança convencional.


Ele descreveu o apartamento da irmã como um verdadeiro museu doméstico, com obras de arte espalhadas pelo chão e penduradas nas paredes.

No entanto, o relator Edson Fachin, em seu voto, refuta essa tese, afirmando que ela não se sustenta diante das evidências apresentadas pelo conjunto probatório.

Fachin argumenta que Collor e Amorim tinham plena ciência de que a vantagem financeira obtida era indevida e que eles ocultavam o verdadeiro objeto desses recursos de forma criminosa.

Embora tenha sido condenado pelo STF, o ex-presidente Collor não será preso imediatamente. Ele só cumprirá a pena após o julgamento de eventuais recursos que possam ser apresentados por sua defesa.