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Abuso infantil pela internet: 1º brasileiro que vai chefiar a Interpol diz que o combate global será prioridade
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Valdecy Urquiza, delegado da PF, diz querer modernizar instituição. Com mais de 100 anos, a organização teve no comando homens de apenas 5 países, sendo 4 da Europa e 1 dos EUA.
- Por Camilla Ribeiro
- 24/08/2024 18h13 - Atualizado há 3 meses
Delegado da Polícia Federal, o maranhense Valdecy Urquiza, de 43 anos, está prestes a fazer história.
Em novembro será confirmado como secretário-geral da Interpol, cargo máximo da maior organização policial do mundo, atualmente com 196 membros.
Valdecy será o primeiro brasileiro e também o primeiro cidadão de um país em desenvolvimento, a chefiar o órgão. Durante seus mais de 100 anos, a instituição já teve oito secretários-gerais: um austríaco, quatro franceses, um britânico, um alemão e um norte-americano.
Urquiza é nascido em São Luís e filho de um bacharel em direito, graduou-se no mesmo curso em Fortaleza e ingressou na PF em 2004 por concurso.
De volta a São Luís, em 2007, iniciou as atividades na corporação à frente da delegacia de crimes ambientais.
A dedicação pela carreira na cooperação internacional teve início quando Urquiza se deparou com crimes que envolviam a atuação de criminosos em vários países, como fraudes cibernéticas e lavagem de dinheiro.
No ano de 2015, o delegado assumiu o escritório nacional da Interpol no Brasil, em Brasília. Após três anos, transferiu-se para a sede da organização na França, onde atuou como diretor-adjunto para comunidades vulneráveis e diretor de combate ao crime organizado na Secretaria-geral.
No seu retorno ao Brasil, em 2021, voltou a trabalhar com cooperação internacional na PF e foi eleito vice-presidente das Américas do Comitê Executivo da Interpol, cargo que ocupa até hoje.
"E essa candidatura que ocorreu em seguida [para secretário-geral] foi uma decorrência natural desse processo", afirmou Urquiza.
Seu nome foi feito indicado pelo Comitê Executivo da Interpol. Uma vez no cargo, ele se mudará com a família para Lyon, na França, onde fica a sede da instituição.
Urquiza diz que adotará como prioridade em sua atuação no cargo o combate, em escala global, o abuso infantil on-line e levar, aos países em desenvolvimento, novas tecnologias de combate ao crime.
"Um dos temas que mais tem se destacado é justamente a exploração sexual de crianças através da internet. E isso exige uma resposta global", afirmou.
Ele acredita também que a experiência da PF o levará a melhorar a eficiência da gestão da organização.
“A Polícia Federal consegue alcançar muito com poucos recursos. É um nível de eficiência acima da média, e o comprometimento dos profissionais também é bem acima da média.”
Urquiza é casado e pai de dois filhos, mantém discrição quanto à vida pessoal e se esquiva até mesmo de responder quais livros está lendo.