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Associação de diplomatas demonstra frustração pela baixa nomeação de mulheres para cargos de chefia no Itamaraty
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Mulheres diplomatas pedem igualdade nos cargos de chefia do Itamaraty, apenas 15,2% são ocupados por mulheres.
- Por Camilla Ribeiro
- 24/06/2023 14h37 - Atualizado há 1 ano
Mulheres do Itamaraty demonstraram nesta quarta-feira (21), a frustração no que diz respeito a igualdade de gênero dentro da instituição.
A Associação Brasileira das Mulheres Diplomatas (ABMD) publicou uma nota onde manifesta a frustração com a "falta de compromisso" pelo ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, com relação à política de gênero dentro da pasta.
A insatisfação foi desencadeada e se tornou pública depois da nomeação de quatros homens para cargos de chefias consulares no exterior, também na quarta-feira (21).
As mulheres diplomatas cobraram em nota por uma ação de inclusão e afirmaram que enquanto as medidas não são aprovadas, deveria existir um compromisso para a nomeação de mulheres para cargos de liderança.
"Uma política institucionalizada deve incluir a adoção de ações afirmativas, implementadas por meio de instrumentos legais e infralegais, que garantam real presença de mulheres nos cargos de liderança do ministério", justificaram.
“Enquanto essas medidas não são aprovadas, [a política da pasta] deve contemplar o firme compromisso de nomear mulheres para os cargos de liderança dentro da instituição, o que, infelizmente, pelos números atingidos até o momento, não tem se confirmado", diz a nota.
O ministro Mauro Vieira durante sua posse anunciou para o corpo diplomático que faria a criação de uma política de diversidade e inclusão.
E se comprometeu em aumentar a presença feminina dentro do ministério com cargos de chefia.
No Itamaraty, as mulheres que estão ocupando cargos de chefia no Brasil e no exterior representam apenas 15,2%.
No último governo, esse número era de 14,2%. De acordo com a associação, o ministro Mauro Viera já realizou 47 nomeações, e apenas 6 (12,7%) foram de mulheres.
"Essa manifestação não desabona as qualidades profissionais dos diplomatas homens indicados. Questiona, porém, porque às diplomatas mulheres, com a mesma qualificação, não lhes são dadas as mesmas oportunidades", explicou a associação.
A ABMD se comprometeu a desenvolver junto com o órgão, uma política afirmativa de ampliação a participação das mulheres e e outros grupos como pessoas negras, LGBTQIA+ e de pessoas com deficiência.
Mulheres nomeadas
Entre as nomeações de mulheres que ocupam cargos de destaque temos:
Maria Laura da Rocha, indicada por Mauro Vieira assim que assumiu a gestão.
Maria Laura Rocha assume o cargo de secretária-geral, o segundo maior do órgão, abaixo apenas do ministro. É a primeira vez que uma mulher ocupa esse cargo na história do Itamaraty.
Em maio, o nome da Maria Luiza Ribeiro Viotti também foi aprovado para embaixadora em Washington, um dos cargos mais importantes no exterior. Também é a primeira vez que uma mulher assume essa posição.
Associação Brasileira de Mulheres Diplomatas
A Associação Brasileira de Mulheres Diplomatas tornou-se oficial este ano, é composta por diplomatas na ativa e aposentadas.
Porém, no Itamaraty, as mulheres realizam ações coletivas buscando a igualdade de gênero na carreira diplomática, há pelo menos 10 anos.
Associação tem como objetivo apresentar medidas que promovam a entrada e a ascensão de mulheres na carreira diplomática.
Além disso, também defende a promoção da diversidade, para que cada vez mais, pessoas negras, indígenas, deficientes, LGBTQQI+ e de todas as regiões do Brasil, entrem para carreira diplomática.