:

  • Em delação Cid afirma que Bolsonaro deu a ordem para emitir certificados de vacinação para ele e filha


  • Os documentos foram impressos no Palácio da Alvorada e entregues em mãos para o presidente, disse o ex-ajudante de ordens. PF indiciou Bolsonaro, Cid e mais 15 a partir dessa investigação.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, disse à Polícia Federal, em depoimento, que fez a emissão dos documentos.

Esses documentos eram certificados falsos de vacinação contra a Covid em nome de Bolsonaro (PL), em 2022, e da filha de 12 anos do ex-presidente.

Além de Bolsonaro, Mauro Cid e mais 15 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal nesta segunda-feira (18) por fraudar cartões de vacina.

De acordo com o depoimento feito em delação premiada por Mauro Cid, a ordem para emitir esses documentos falsos partiu do próprio Bolsonaro.

Em depoimento, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro informou que os dois documentos foram impressos no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, e entregues em mãos a Bolsonaro.

A delação de Cid ainda é mantida em sigilo, no entanto, trechos foram incluídos pela PF no relatório que culminou no indiciamento de Bolsonaro, Cid e mais 15 pessoas.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do inquérito das milícias digitais, inclui trecho sobre fraude nas vacinas, retirou o sigilo desse relatório nesta terça-feira (19).

Os trechos da delação de Cid dizem o seguinte:

"QUE o presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha [...]; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON [Barros] que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha [...] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha."

"QUE confirma que recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha [...]; QUE esses certificados foram impressos e entregues em mãos ao presidente."

De acordo com a PF, o "modus operandi" (modo de operação) do esquema era o seguinte:

-Mauro Barbosa Cid encaminhou o pedido de fraude ao ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;

-Ailton enviou os dados ao secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha;

-João Carlos usou suas senhas para inserir os dados falsos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde.

Dessa maneira, o grupo nem sequer precisava dos cartões físicos de vacinação.

De acordo com a PF, os dados forjados eram inseridos diretamente no sistema do Ministério da Saúde e, dessa forma, os suspeitos conseguiam imprimir certificados de vacinação pelo sistema oficial do ConecteSUS.