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‘Ele tem autonomia', disse Bolsonaro sobre venda de joias por Mauro Cid
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Bolsonaro foi questionado se determinou ao seu ajudante de ordens para que vendesse as joias recebidas pela Presidência.
- Por Camilla Ribeiro
- 18/08/2023 18h19 - Atualizado há 1 ano
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (18) que seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, "tem autonomia" ao ser questionado sobre as joias recebidas pela Presidência da República e supostamente vendidas ilegamente por Cid.
O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, disse nesta quarta-feira (17) que o cliente irá dizer que vendeu as joias nos Estados Unidos a mando do ex-presidente e que entregou o dinheiro para Bolsonaro.
Ao ser questionado se Cid agiu "por conta própria", Bolsonaro respondeu: "Joias é tido como personalíssimo. Pertence ao presidente. Até 2021".
Cid continua preso desde maio por suspeita de que teria atuado para fraudar os cartões de vacinação de Bolsonaro e família para que pudessem entrar nos Estados Unidos.
Mauro Cid foi um dos principais homens de confiança do ex-presidente ao longo do mandato.
Ele tentou vender, por exemplo, um relógio da marca Rolex avaliado em US$ 60 mil, segundo relatório da Polícia Federal.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes recebidos pelo presidente deveriam ser incorporados ao acervo da União, e não vendidos como itens pessoais.
O advogado de Mauro Cid disse que ele não fará confissão, mas, sim, prestará "esclarecimentos" sobre a venda do relógio recebido pela comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro em viagem ao Oriente Médio.
De acordo com Cezar Bittencourt, Cid tratou somente da venda do Rolex, e não de outras joias que também são alvos de investigação pela Polícia Federal.
Sobre outro possível crime praticado por Bolsonaro o ex-presidente disse que aceitaria participar de uma eventual acareação com o hacker Walter Delgatti Neto, preso pela Polícia Federal.
Durante depoimento à CPI dos Atos Golpistas do Congresso Nacional nesta quinta (17), Delgatti declarou, que Bolsonaro solicitou que orientasse servidores do Ministério da Defesa como seria uma eventual fraude no código-fonte das urnas.
O ex-presidente também lhe assegurou, em caso de prisão, que o hacker receberia indulto.
Delgatti prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira e, de acordo com o advogado, reafirmou aos policiais o que disse aos parlamentares da CPI.
Questionado se aceitaria uma acareação, Bolsonaro disse nesta sexta que sim.
"Por que fazer acareação? Olha só, vai com calma aí. Ali [na CPI] foi mostrada a vida pregressa dele, um estelionatário contumaz. A acareação tem que ser em pontos sensíveis. É só a palavra dele e mais nada? Você pode ver, ele está preso. Pelo que vi na imprensa, não quer delação, quer entrar no programa de proteção à testemunha. [...] Acareação? Se tem que fazer, a gente faz", disse Bolsonaro.