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  • Drogas: Senado aprovou em 1º turno, PEC que criminaliza o porte de qualquer quantidade de droga


  • O texto inclui na Constituição dispositivos semelhantes à Lei de Drogas, tema de julgamento no STF. Antes de seguir para a Câmara, proposta ainda deverá passar por outro turno de análise.

Nesta terça-feira (16), o Senado aprovou em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), tornando crime o porte e a posse de qualquer quantidade de droga.

A proposta ainda precisa ser submetida a um segundo turno de votação e ser aprovada, mais uma vez, por ao menos 49 senadores para seguir à análise da Câmara 

No primeiro turno, foram contabilizados 53 votos favoráveis e 9 contrários.

A PEC aprovada demonstra  uma reação de parlamentares ao avanço do Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento com o objetivo de descriminalizar o porte da maconha para uso pessoal.

A proposta criminaliza o porte e a posse da maconha e  prevê inserir na Constituição distinção entre traficante e usuário, com penas alternativas à prisão para quem consome a substância ilícita.

Segundo especialistas, a proposta não apresenta inovações e repete o conteúdo já existente na Lei de Drogas que vigora desde 2006.

Está em discussão no STF, paralisada em março e sem data para retornar, uma proposta sobre a Lei de Drogas com 5 votos favoráveis à descriminalização 

Existe divergências entre os ministros sobre os critérios para classificar a droga como de uso pessoal e a aplicação de consequências jurídicas para a prática.

Segundo a Lei de Drogas que está em vigor é crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo pessoal, mas não pune a prática com prisão. 

Existe penas alternativas, como advertência, prestação de serviços comunitários e comparecimento a cursos educativos.

Na lei não está definida a quantidade de substância que separa o traficante do usuário, deixando a definição a cargo da Justiça.

A PEC em questão repete o mesmo teor, sem a definição de critérios que diferencie o consumo e o tráfico. 

O julgamento do Supremo propõe a definição de uma quantidade máxima para enquadrar o uso pessoal.

Divergência com o STF

O relator, senador Efraim Filho (União-PB), em seu parecer afirmou que a proposta vai ao encontro da Lei de Drogas e ressaltou que a medida é uma forma de o Poder Legislativo “proteger suas prerrogativas constitucionais”.

“A criação de um mandado de criminalização para a conduta de possuir e portar drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, portanto, está, também, em compasso com a vontade popular, expressada pelo disposto na Carta Magna”, escreveu.

Os senadores estão defendendo a proposta como forma de estabelecer uma contraposição ao debate no STF. 

Os parlamentares compreendem que a PEC vai em sentido contrário à discussão do Supremo, estabelecendo que não poderá haver tratamento diferenciado por tipo ou quantidade de substância.

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, argumenta que a proposta é necessária para definir que o tráfico e o consumo terão, independente de outros critérios, consequências jurídicas. “Cabe ao Parlamento decidir se algo deve ser crime ou não”, disse o senador em março.