:

  • Presentes oficiais: confira fotos, valores e tentativas de negociação


  • Nos presentes está incluso anéis, relógios, esculturas. A Polícia Federal ainda apura outros objetos, e segundo inquérito o valor de negociação pode ultrapassar R$ 1 milhão.

A Polícia Federal investiga o esquema de negociação ilegal, no exterior, em relação aos presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo de presidente da República.

Até este sábado (12), foram identificados quatro “conjuntos de bens” ofertados em venda direta ou leilão.

Três desses quatro conjuntos foram colocados à venda. A investigação da PF agora procura se outros presentes foram negociados e acha-se que as transações podem ultrapassar o valor de R$ 1 milhão.

Desses três conjuntos colocados à venda, dois tiveram que ser recomprados pelos parceiros de Bolsonaro, segundo a nomeação da PF esse resgate denomina-se como “operação de resgate”.

O Tribunal de Contas da União (TCU) – ainda sem o conhecimento das vendas dos itens tinham sido vendidos a terceiros – determinou que os conjuntos ficassem sob custódia da Caixa Econômica Federal.

A tentativa de venda é ilegal, porque objetos de alto valor recebidos pela Presidência da República devem fazer parte do acervo público do país, isto é, são bens materiais do Estado. Confira o que é legal:

•O presidente pode usar os presentes enquanto está no cargo, mas só pode levar consigo, ao fim do mandato, itens considerados "personalíssimos" como roupas, alimentos e perfumes. 

•A lei também define regras para que os bens sejam colocados à venda: a União tem preferência de compra e precisa autorizar expressamente a comercialização no exterior.

Veja os quatro conjuntos já identificados:

As joias da Chopard


Recebido em outubro de 2021, durante viagem do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita

O conjunto foi anunciado por uma casa de leilões sediada em Nova York com valor inicial de US$ 50 mil (R$ 245 mil) e valor estimado entre US$ 120 mil (R$ 588 mil) e US$ 140 mil (R$ 686 mil).

De acordo com o relatório da PF, o conjunto deixou o Brasil no mesmo voo oficial que levou Jair Bolsonaro e assessores à Flórida, nos Estados Unidos, no penúltimo dia do mandato presidencial.

Quando o TCU determinou que Bolsonaro entregasse esse conjunto à Caixa Econômica Federal, em março, os bens foram "resgatados" na casa de leilão e devolvidos ao governo em 24 de março.

Joias e um Rolex


Recebido em outubro de 2019, durante viagem oficial de Jair Bolsonaro à Arábia Saudita.

O relógio em ouro branco foi negociado junto com o relógio Patek Philippe. Ambos foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF).

Após ter sido levado para os Estados Unidos em voo oficial no fim de 2022, o conjunto foi separado pelos assessores de Bolsonaro. O relógio foi vendido a uma empresa especializada, já as joias, foram entregues para venda em outra firma.

O conjunto também foi resgatado depois do pedido do TCU.

Frederick Wassef, advogado e amigo de Jair Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid participaram da operação de resgate.

Esculturas 


A palmeira foi recebida a Jair Bolsonaro em novembro de 2021, durante um seminário com empresários árabes e brasileiros no Bahrein. 

As apurações não identificaram valores, mas mensagens de Mauro Cid indicam que as peças foram avaliadas com valores baixos porque eram apenas "folheadas", e não de ouro maciço.

"(...) aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (...) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (...) eu preciso deixar a peça lá (...) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (...)’.

Foram levadas no voo oficial para Orlando, na Flórida, na véspera do fim do mandato em 2022. De lá, seguiram para Miami, no mesmo estado.

Relógio Patek Philippe


Foi entregue possivelmente na mesma visita oficial de Bolsonaro ao Bahrein em novembro de 2021.

Negociado junto com o relógio de ouro branco de um dos kits da Arábia Saudita. Ao todo, os dois foram vendidos por US$ 68 mil (pouco menos de R$ 347 mil na cotação da época, segundo a PF).

De acordo com a PF, o objeto foi extraviado do acervo oficial "diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro".