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Delação de Cid: Braga Netto, Heleno e outros militares do governo Bolsonaro podem ser citados
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O ex-braço-direito de Bolsonaro relatou, antes de ser preso e solto posteriormente, ter testemunhado propostas com o objetivo de organizar golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
- Por Camilla Ribeiro
- 12/09/2023 13h57 - Atualizado há 1 ano
Mauro Cid irá delatar para a Polícia Federal (PF) o que testemunhou sobre a participação de militares que atuaram no governo Jair Bolsonaro (PL) em propostas de golpe de estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Já existia especulações de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro iria relatar episódios e reuniões com a participação do general Heleno, ex chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Braga Netto, ex-ministro da Defesa.
Esses nomes estão sendo investigados com base nos detalhes que serão contados por Cid em depoimento de delação.
O objetivo da PF é analisar se houve participação do ex-chefe do GSI e outros militares da administração Bolsonaro nessas tratativas para um golpe.
A PF quer ouvir de Cid se o assunto sobre golpe entrou em pauta em alguma ocasião com o general Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil, posteriormente, da Defesa de Bolsonaro.
O general Braga Netto foi candidato a vice-presidente pela chapa derrotada na eleição presidencial de 2022.
Cid pretende dizer quem são os militares, ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro que participaram de reuniões que ocorreram, entre outras localidades, no Palácio da Alvorada em dezembro passado.
Segundo a PF, existiu dois tipos de roteiro para o golpe: um civil, com Anderson Torres no comando e o outro, militar, ambos, sob comando de Bolsonaro,.
Cid deixou claro que não irá delatar militares que estão na ativa, porém disse esclarecer o que sabe sobre a participação e articulação de militares da administração Bolsonaro.
O sigilo telefônico de Braga Netto foi quebrado nesta terça-feira (12), sob a solicitação da PF que investiga ex-integrantes do Gabinete de Intervenção Federal no RJ.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro irá contar também como ocorreu a sua participação no caso das joias sauditas, bem como outros temas.
Depoimentos que foram gravados
Em depoimentos que foram filmados e gravados antes do acordo da delação o tenente-coronel Mauro Cid falou sobre o caso das joias recebidas pelo ex-presidente em viagens ao exterior.
Ele também teria participado ativamente de um esquema de venda ilegal dos itens de luxo.
Dois motivos levaram Cid a mudar a estratégia e adotar uma confissão parcial:
1. Bolsonaro dizer que Cid tinha autonomia, ou seja, jogar o ex-ajudante aos leões;
2. O Exército abandonar Cid ao descobrir a gravidade das revelações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), além do envolvimento do pai de Cid.
“O Exército quer que Cid resolva a situação e descole a imagem da corporação desse desgaste todo. E Cid só consegue fazer isso se assumir seus atos como individuais e apontar os demais - isolando e blindando a instituição”, disse uma autoridade judiciária.