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Brasil tem posição contra terrorismo, e cabe à ONU definir status político do Hamas, segundo o Itamaraty
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Representantes do Ministério das Relações Exteriores concederam entrevista para dar detalhes sobre posição no conflito entre Israel e Hamas. O governo brasileiro não classifica o Hamas como grupo terrorista.
- Por Camilla Ribeiro
- 11/10/2023 18h11 - Atualizado há 1 ano
Nesta quarta-feira (11), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) disse que o Brasil apresenta uma posição "clara" contra o terrorismo, porém a decisão sobre classificar o grupo extremista Hamas como terrorista cabe à Organização das Nações Unidas (ONU).
Essa posição foi externada pelo embaixador Carlos Sérgio Sobral Duarte, secretário de África e de Oriente Médio do Itamaraty, em entrevista à imprensa para detalhar a situação em meio ao conflito.
O embaixador foi questionado se o governo brasileiro avalia classificar o Hamas como grupo terrorista.
"O Brasil, logo em seguida a esses ataques, os condenou, e o presidente da República, logo em seguida também, condenou atos terroristas e repudiou terrorismo — ainda mais no caso de ataques à população civil. Essa posição do Brasil é muito clara e é muito forte", declarou Carlos Duarte.
"Os desdobramentos políticos de um conflito, como o conflito Israel e Palestina, é algo que está sendo tratado pelo Conselho de Segurança — no momento, no mês de outubro, presidido pelo Brasil. Essas questões evidentemente estarão e serão objeto de consideração no âmbito do Conselho de Segurança", afirmou.
Ainda de acordo com o embaixador, não há "indicação clara" de quando deve haver uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o conflito.
"Com relação ao Conselho de Segurança, o Brasil chamou uma reunião de emergência, logo em seguida ao início das hostilidades lá. Como sabemos, essa reunião foi a portas fechadas, com o presidente do Conselho de Segurança, o embaixador Sérgio Danese, nosso representante junto às Nações Unidas, está, no momento, engajado em consultas com os membros do Conselho de Segurança. São 15 membros, como se sabe. E aí, dentro do Conselho de Segurança, cada um desses membros têm suas posições em relação ao conflito Israel e Palestina. Por enquanto, não há indicação clara sobre quando poderia haver uma outra reunião", afirmou.
Posicionamento do Brasil
Historicamente, o governo brasileiro só classifica uma organização como terrorista em caso de manifestação nesse sentido pela ONU.
Notas que foram divulgadas pelo governo brasileiro desde o início do conflito, no sábado (7), o Itamaraty e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenaram os ataques terroristas.
Na manhã desta quarta, o presidente Lula se pronunciou com maior contundência sobre o tema desde o início da guerra. Lula fez um "apelo" pela libertação de crianças reféns e pediu intervenção humanitária na região.
O presidente também citou, pela primeira vez, o Hamas. "É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", escreveu em uma rede social.
Na madrugada desta quarta-feira (11) o primeiro grupo de brasileiros vindos de Israel pousou em Brasília. O voo continha 211 passageiros.