Chile: Direita Vence Eleição Para Redigir Nova Constituição

No último domingo (7), o Chile foi às urnas para eleger o Conselho Constituinte, que será responsável pela redação da nova Constituição chilena.

Com mais de 95% dos votos apurados, os partidos de direita saíram vitoriosos, garantindo a maioria dos assentos do conselho, que será composto por 50 membros.

De acordo com informações do órgão eleitoral chileno, após a apuração de mais de 95% dos votos, o Partido Republicano, liderado pelo ex-candidato presidencial conservador José Antonio Kast (considerado de extrema-direita), saiu na frente com 35,5% dos votos.

José Antonio Kast, o ultraconservador católico que venceu as eleições do Conselho Constituinte — Imagem: reprodução

Dessa forma, o partido liderado por Kast conseguiu assegurar mais de 40% das cadeiras disponíveis no Conselho e garantiram o controle da elaboração da nova Constituição.

"Hoje é o primeiro dia de um futuro melhor, um novo começo para o Chile", disse Kast.

O segundo lugar na votação ficou com o Unidad para Chile, uma coalizão de esquerda liderada pelo atual presidente chileno, Gabriel Boric, que conquistou pouco mais de 28% dos votos. Os partidos centristas receberam os demais votos

A Nova Contituição

Os membros do novo Conselho Constituinte do Chile, eleitos recentemente, iniciarão a elaboração da nova Constituição do país a partir de junho. 

Eles se basearão em um projeto elaborado por 24 especialistas constitucionais selecionados pelo Congresso em março. O objetivo é que a proposta seja submetida à aprovação dos eleitores ainda neste ano, em dezembro.

A revisão da Constituição chilena é um processo que vem sendo buscado há anos e ganhou força em 2020, quando quase 80% da população do país votou a favor da redação de um novo texto. 

Isso ocorreu em meio a uma série de protestos violentos que eclodiram em todo o país, como uma forma de expressão contra a desigualdade social.

A primeira redação da Constituição chilena foi elaborada por conselheiros predominantemente independentes e de esquerda, com ênfase em benefícios sociais, direitos ambientais, igualdade de gênero e direitos dos povos indígenas. 

Essa versão foi vista por muitos como uma das mais progressistas do mundo, no entanto, outros eleitores a consideraram polarizadora e o processo foi afetado por controvérsias.

A Esquerda Reconheceu A Derrota

Após assumir o cargo em março com promessas de fortalecer o bem-estar social no país, o presidente chileno Gabriel Boric tem enfrentado dificuldades em manter sua popularidade, com a economia em crise e o aumento da criminalidade preocupando os eleitores.

Presidente esquerdista do Chile, Gabriel Boric — Imagem: reprodução

Após colocar seu peso na primeira reescrita, que foi rejeitada pela maioria dos eleitores, o presidente de esquerda se afastou do processo, mas continuou comprometido com a reforma.

"O governo não se intrometerá no processo e respeitará a autonomia da entidade em suas deliberações", disse Boric a repórteres na manhã de domingo após a votação, acrescentando que o governo atuará como fiador e apoiará as solicitações do novo Conselho.