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Ex-PM Denuncia Assédios Sofridos Em MG
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A ex-policial militar decidiu tornar público o seu caso após a ampla repercussão da morte da escrivã da Polícia Civil
- Por Anderson Santos
- 18/06/2023 22h44 - Atualizado há 1 ano
Bruna Celle, uma ex-policial militar em Minas Gerais, compartilhou sua experiência de assédio sofrido por colegas de trabalho dentro da corporação por meio das redes sociais.
Sua decisão de expor a situação foi motivada pela morte da escrivã Rafaela Drummond, da Polícia Civil do estado.
Em um vídeo publicado no Instagram, Celle relatou como parte dos policiais com quem convivia transformaram sua carreira e sonho "em um verdadeiro pesadelo".
Após sete anos na corporação, ela solicitou a baixa da Polícia Militar há cerca de dois meses. A ex-PM revelou que os colegas criaram expectativas em relação a ela quando chegou ao pelotão, por ser solteira.
Ela passou a ser assediada, mas nunca cedeu às investidas, o que resultou em pressões cada vez maiores.
Punição Velada
Celle mencionou que sofreu punições veladas dentro da PM por resistir ao assédio, sendo prejudicada nas escalas de trabalho.
Como ela morava a aproximadamente duas horas e meia do local de trabalho, houve dias em que não conseguiu voltar para casa e ver a própria filha.
Além disso, a ex-PM recebeu várias comunicações disciplinares e enfrentou a abertura de 15 processos administrativos ao longo dos sete anos de serviço.
“Ficou muito claro que era uma perseguição, e eu tive que contratar uma assessoria jurídica para me ajudar nas defesas. Me chamavam de insubordinada, comecei a ser apelidada de ‘sapatão’ porque não cedia às investidas”, desabafa.
Bruna Celle — Imagem: reprodução
Saúde Mental
A situação afetou sua saúde mental, levando-a a desenvolver crises de pânico e depressão. Ela buscou tratamento psicológico e psiquiátrico, além de contar com o apoio da família e do noivo.
Celle destacou que havia pessoas boas na Polícia Militar, mas que não possuíam poder para mudar a situação.
Segundo seu relato, quando procurou tratamento psicológico dentro da própria corporação, o sigilo foi quebrado e as informações confidenciais vazaram.
Após decidir sair da corporação, ela afirmou que sua saúde mental começou a melhorar.
“Imagina saber que vai trabalhar com uma pessoa que ia passar a noite inteira dando em cima de você, falando desaforos. Foi a melhor coisa que eu fiz. Existe vida aqui fora. A nossa tranquilidade nada paga”, finaliza.
O Que Diz A PM-MG?
A Polícia Militar informou que foram abertos dois procedimentos para investigar as denúncias feitas pela ex-policial militar. O objetivo é verificar se houve crimes e transgressões disciplinares por parte do policial acusado.
Segundo a corporação, o policial denunciado foi transferido imediatamente para outra unidade, localizada em uma cidade diferente, visando garantir a imparcialidade das investigações e a proteção da vítima.
A PM reiterou seu compromisso com a verdade e enfatizou que não tolera condutas de assédio sexual, moral ou preconceito. A instituição afirmou que investigará com rigor todas as denúncias recebidas.