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Com afastamento de Maduro, Lula deverá faltar à posse do venezuelano e enviar representante
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A embaixadora Glivânia Oliveira, em Caracas, deverá representar o petista na cerimônia em 10 de janeiro. Os líderes estão afastados desde que Lula cobrou por transparência no pleito venezuelano.
- Por Camilla Ribeiro
- 03/01/2025 10h34 - Atualizado há 2 dias
Nesta quinta-feira (2), fontes do governo federal informaram que o presidente Lula (PT) deverá enviar a diplomata Glivânia Maria de Oliveira, embaixadora do Brasil em Caracas, à posse de Nicolás Maduro em seu terceiro mandato como presidente da Venezuela.
A data da cerimônia está prevista para o próximo dia 10 de janeiro. Maduro, sucessor de Hugo Chávez, está no poder desde 2013 e está acusado pela oposição, por países e organismos internacionais por ter fraudado o resultado do pleito eleitoral.
Desde que Maduro assumiu a presidência, a Venezuela enfrenta crises de ordem política, social e econômica.
O Brasil condena as sanções econômicas impostas ao país, porém, ao mesmo tempo, cobra do regime de Maduro a transparência do processo eleitoral.
Brasil e Venezuela estão distanciados nas relações políticas e diplomáticas após Lula, assim como outros líderes internacionais, ter cobrado a divulgação das chamadas atas eleitorais.
De acordo com a oposição venezuelana, essas atas comprovariam que Edmundo Gonzáles derrotou Nicolás Maduro por meio do voto popular.
A vitória de Maduro sobre Gonzáles foi declarada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil.
Em seguida, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), alinhado ao regime atual, declarou Maduro vencedor e proibiu a divulgação das atas eleitorais.
O Brasil não reconheceu a vitória de Maduro nem da oposição.
Para a diplomacia, não reconhecer publicamente a vitória de Maduro, o Brasil demonstra incertezas em relação ao pleito.
No entanto, por entender que deve manter os canais diplomáticos abertos, o Brasil resolveu não fechar a embaixada em Caracas nem chamar de volta a embaixadora no país.
Afastamento entre Lula e Maduro
Lula e Maduro são aliados históricos, e alvos de críticas por isso, os mesmos passaram a enfrentar uma crise política na relação entre eles, que alcançou níveis diplomáticos.
O distanciamento teve início em março deste ano, quando o Ministério das Relações Exteriores disse, oficialmente, com o aval de Lula, que acompanhava com "preocupação" o desenrolar do processo eleitoral venezuelano.
No cenário, uma candidata da oposição a Maduro foi inabilitada e outra opositora sequer conseguiu registrar a candidatura, o que fez a oposição buscar outro nome no limite do prazo.
Em um dos episódios mais recentes, o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, declarou que houve "quebra de confiança" entre os dois países.
Isso ocorreu porque o Brasil foi um dos mediadores para o acordo que previa eleições livres e diretas no país vizinho, o que não se confirmou.
O governo da Venezuela, um dia depois da declaração de Amorim, convocou o embaixador em Brasília para retornar ao país em razão de "declarações intervencionistas e grosseiras" do governo brasileiro.
A convocação de um embaixador demonstra, em linguagem diplomática, que um país está incomodado com o outro.