:

  • Dia Do Trabalhador É Marcado Por Protestos Em Paris


  • Os sindicatos e a oposição esperam uma participação em massa nos comícios de 1º de maio para informar a Macron que eles continuam se opondo à reforma previdenciária.

Na segunda-feira, 1º de maio (Dia do Trabalhador), ocorreu uma grande manifestação na França com a presença de milhares de pessoas. 

O protesto tinha como objetivo expressar a indignação contra a reforma previdenciária proposta pelo presidente Emmanuel Macron. Os sindicatos lideraram o movimento e prometeram continuar a lutar, mesmo após a aprovação das mudanças. 

A expectativa era de que a manifestação ocorresse em várias partes do país e causasse um impacto significativo no governo de Macron, que tem sido criticado e ridicularizado durante suas viagens pelo país para defender as reformas e dar início ao seu segundo mandato.

A polícia francesa recebeu permissão de última hora para utilizar drones como medida de segurança, após um tribunal em Paris rejeitar a petição de grupos de direitos humanos que se opunham ao seu uso para vigilância. 

Durante as manifestações, houve tensões em Toulouse, no sul da França, resultando no uso de gás lacrimogêneo pela polícia. Em Nantes, no oeste do país, a polícia também usou gás lacrimogêneo em resposta ao lançamento de projéteis pelos manifestantes.

Apesar das tentativas do presidente Emmanuel Macron e seu governo de superar a onda de insatisfação popular, este episódio se tornou um dos maiores desafios do segundo mandato do presidente. 

Bombeiros franceses lideram parte do movimento

"Não vamos virar a página até que a reforma previdenciária seja retirada. A nossa determinação em vencer essa batalha continua inabalável", declarou Sophie Binet, líder de um sindicato. 

Na segunda-feira, todos os oito principais sindicatos da França se uniram para convocar protestos no 1º de maio, marcando a primeira vez desde 2009 que essa união ocorreu. "Este Dia do Trabalho será celebrado em meio à unidade dos sindicatos e isso é histórico", afirmou Frederic Souillot, secretário-geral do sindicato Force Ouvriere (Força Operária).

O Que Há De Errado Na Reforma Da Previdência De Macron?

Os sindicatos franceses se juntaram para criticar o projeto de reforma da Previdência proposto pelo governo do presidente Emmanuel Macron, que tem como objetivo aumentar a idade mínima e o tempo de contribuição para se aposentar integralmente

O texto, considerado "injusto", é rejeitado por uma grande maioria da opinião pública, principalmente por continuar prejudicando a classe média e as mulheres.

“Hoje, a metade daqueles que se aposentam já não estavam trabalhando: estavam ou desempregados, ou em situação de invalidez, ou vivendo de benefícios sociais. E mesmo assim, agora eles vão ter de esperar mais dois anos para se aposentar”, disse o líder sindical ao Libération. 

Além disso, a reforma é criticada por ser desigual, pois prejudica menos aqueles que tiveram altos salários ao longo da vida, em detrimento dos que tiveram salários moderados a baixos. 

Enquanto os trabalhadores com salários maiores podem simplesmente "ignorar" o adiamento da idade mínima e se aposentar mais cedo - já que muitos possuem casa própria e poupança suficiente, por exemplo -, os menos favorecidos não apenas não se beneficiam dessa vantagem, mas também terão estatisticamente menos tempo para desfrutar da aposentadoria na velhice.

Mulheres Prejudicadas

Francesas participam ativamente dos protestos contra Macron— Imagem: reprodução

As mulheres estão entre as mais descontentes com a reforma previdenciária proposta pelo governo francês. 

Elas são prejudicadas pela desigualdade salarial em relação aos homens durante suas carreiras profissionais e, consequentemente, têm aposentadorias em média 40% menores que as dos homens, segundo dados oficiais de 2019. 

Além disso, as mulheres precisam trabalhar por mais tempo para compensar as ausências geradas por gravidez, filhos e outros cuidados familiares ao longo dos anos, o que torna suas carreiras mais fragmentadas. 

Como resultado, 19% delas se aposentam com 65 anos ou mais, em comparação com apenas 10% dos homens.

Manifestações Pelo Mundo

Trabalhadores da Confederação Coreana de Sindicatos — Imagem: Reprodução

Além da França. Há relatos de manifestações em vários outros lugares ao redor do mundo neste Dia Internacional do Trabalhador

Sindicatos reivindicam temas relevantes relacionados à data, como salários mais justos, condições de trabalho dignas, igualdade de gênero, entre outras demandas.

No Reino Unido, enfermeiros e enfermeiras realizaram uma greve exigindo aumento salarial. Já em diversos países asiáticos, incluindo a Coreia do Sul, houve protestos no dia 1º de maio pedindo por melhores salários e condições de trabalho.

Espanha, Rússia, Alemanha e Coreia do Sul são alguns dos países que também há relatos de protestos.